Em meio à guerra de versões e informações sobre o conflito Rússia-Ucrânia na internet, governo russo limita funcionamento de redes sociais, e plataformas respondem bloqueando monetização de mídia russa; Youtube derruba canais
A guerra de versões e informações sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia ganha novos contornos no campo de batalha digital. As maiores empresas de redes sociais americanas, como Facebook, Youtube e Twitter, escalam o embate com o governo de Vladimir Putin pela internet.
O Twitter — plataforma pela qual o presidente urcraniano, Volodymyr Zelensky, tem se comunicado domesticamente e com a comunidade internacional — afirmou que seu serviço estava sendo restrito para algumas pessoas na Rússia. A empresa disse ainda estar trabalhando para manter a plataforma segura e acessível.
Na sexta-feira, um dia depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, Moscou disse que estava limitando parcialmente o acesso ao Facebook, da Meta Platforms Inc, acusando a empresa de “censurar” a mídia russa.
A plataforma reagiu. O chefe de Política de Segurança do Facebook, Nathaniel Gleicher, anunciou neste sábado (26) que proibiu a mídia estatal russa de veicular anúncios e monetizar na plataforma.
“Essas mudanças já começaram a ser implementadas e continuarão no fim de semana. Estamos monitorando de perto a situação na Ucrânia e continuaremos compartilhando as medidas que estamos tomando para proteger as pessoas em nossa plataforma”, afirmou o executivo.
Nick Clegg, vice-presidente de Assuntos Globais da Meta, disse que estão “tomando medidas adicionais em resposta à invasão russa à Ucrânia“.
Na semana passada, o procurador-geral da Rússia e o ministério das Relações Exteriores acusaram o Facebook de envolvimento “na violação dos direitos humanos e liberdades fundamentais, bem como dos direitos e liberdades dos cidadãos russos”.
YouTube também suspende monetização de mídia estatal russa
O YouTube, do Google, também bloqueou a mídia estatal russa RT e suspendeu sua capacidade de monetizar seu conteúdo na plataforma globalmente, anunciou gigante do vídeo neste sábado (26).
A medida para restringir o RT e vários outros canais russos ocorre depois que o governo ucraniano pediu ao YouTube que cortasse o acesso de dentro do país, disse o YouTube à CNN.
Em um comunicado, o porta-voz do YouTube, Ivy Choi, citou “circunstâncias extraordinárias na Ucrânia” para os passos da empresa.
“À luz de circunstâncias extraordinárias na Ucrânia, estamos tomando várias medidas”, disse Choi. “Estamos pausando a capacidade de vários canais de monetizar no YouTube, incluindo vários canais russos afiliados a sanções recentes. Limitaremos significativamente as recomendações a esses canais. E em resposta a uma solicitação do governo, restringimos o acesso ao RT e a vários outros canais na Ucrânia. Continuaremos monitorando novos desenvolvimentos e podemos tomar outras medidas”.
O YouTube também disse que, nos últimos dias, removeu centenas de canais e milhares de vídeos que violavam suas políticas, entre eles vários canais que a empresa disse estarem envolvidos em informações inconsistentes.
A decisão do YouTube segue críticas generalizadas, pois jornalistas, ativistas e até mesmo um membro do Congresso notaram que a plataforma vinha veiculando anúncios contra conteúdo do RT.
Uma carta para a Alphabet, controladora do YouTube, na sexta-feira, pelo senador democrata da Virgínia, Mark Warner, disse que sua equipe conseguiu encontrar instâncias de monetização do RT no YouTube e que ele alertou os Departamentos de Justiça e do Tesouro sobre um relatório sobre o YouTube permitindo que entidades sancionadas monetizassem também no YouTube.
Kremlin proíbe veículos russos de chamar combates na Ucrânia de “guerra”
O regulador russo de comunicações Roskomnadzor alertou, neste sábado (26), dez meios de comunicação locais da Rússia que restringirá o acesso às suas publicações, a menos que parem de espalhar o que chama de informações falsas, incluindo referências à operação militar na Ucrânia como um “ataque, invasão ou declaração de guerra”.
Em cartas enviadas a esses meios de comunicação, o órgão de vigilância disse que se queixou de supostas “informações falsas” que publicaram sobre o bombardeio de cidades ucranianas e a morte de civis causada pelas forças armadas russas.
fonte: CNN