Na última terça (22), a França registro um total de 145.560 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas. Apesar do alto número, a marca é menor que a registrada no dia anterior, quando chegou a marca de 180 mil novos casos, maior número desde fevereiro deste ano.
Mesmo com uma queda, os números ainda chamam a atenção de especialistas, pois é um momento em que o país liberou a maior parte das restrições contra o vírus. O balanço atual foi publicado na noite desta quarta (23).
O número de infectados diariamente vem aumentando no país há semanas. Comparado a semana anterior, esta última terça teve uma alta de 55% de novos casos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), vários países do continente europeu, incluindo a França, foram precoces em suspender as restrições. “Os países onde estamos vendo um aumento particular são o Reino Unido, Irlanda, Grécia, Chipre, França, Itália e Alemanha”, destacou o diretor da OMS Europa, durante uma conferência nesta terça-feira. “Esses países elevaram as restrições abruptamente”, disse ele, explicando que se antes eram demasiadas, agora as restrições seriam insuficientes.
Desde 14 de março, os franceses não são mais obrigados a usar máscaras de proteção em quase todos os locais fechados, incluindo escolas e empresas.
“O fim da obrigatoriedade do uso da máscara pode ter como consequência o fato de que pessoas vulneráveis, não vacinadas ou imunodeprimidas, assim como os idosos, poderão ser contaminadas e desenvolver formas graves da doença que levem à hospitalização e até morte”, diz o professor Antoine Flahault, médico epidemiologista e diretor do Instituto de Saúde Global, em Genebra.
“Deveríamos condicionar essas medidas às condições sanitárias. Se isso tivesse ocorrido, jamais teríamos retirado as máscaras nesse momento”, completou, acrescentado que considerava a decisão do governo francês prematura. ”Estamos acima dos níveis de dezembro passado e poderíamos entender a necessidade da proteção. É mais difícil de voltar a obrigatoriedade depois que foi retirada”, conclui.
Dois dias após o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, o ministro francês da Saúde, Olivier Véran, havia admitido que os casos deveriam aumentar até o fim do mês. “O Conselho Científico e as projeções do Instituto Pasteur nos dizem que deve haver um aumento das infecções por mais 10 ou 15 dias, provavelmente até o fim de março”, afirmou, assegurando que não havia “nenhum risco de saturação de hospitais”.