Ex-juiz decide manter intenção de concorrer ao Palácio do Planalto e provoca ira de sua nova legenda
Estado de Minas – A filiação do ex-juiz Sergio Moro provocou racha no União Brasil, partido recém-formado pela fusão do DEM com o PSL, após ele decidir manter a pré-candidatura ao Planalto. A ala do União Brasil formada por ex-dirigentes do DEM vai apresentar requerimento para impugnar a filiação de Moro à legenda, segundo o secretário-geral da sigla, ACM Neto. Ele informou que a impugnação será assinada por oito dos 17 componentes da executiva com direito a voto. A filiação de Moro é patrocinada por ex-integrantes do PSL, capitaneada pelo deputado federal Luciano Bivar (PE). Até o início da madrugada de hoje, Moro não havia se manifestado sobre a decisão da ala do DEM no União Brasil.
Segundo ACM Neto, uma vez impugnada, a filiação de Moro só poderia ser restaurada com o apoio de 60% da executiva do partido. O grupo de Bivar, no entanto, controla só 51% dos votos. A reação da ala de ACM Neto ocorreu após o pronunciamento feito ontem à tarde por Sergio Moro, dizendo que mantém sua intenção de disputar o Palácio do Planalto e que não vai tentar candidatura a deputado federal por São Paulo. Na quinta-feira, Moro decidiu deixar o Podemos, no qual ingressou em novembro de 2022 e se filiou ao União Brasil, em hotel da capital paulista. A decisão se deu após reunião com o deputado federal Júnior Bozzella, vice-presidente da legenda. A desistência da pré-candidatura presidencial foi exigência de ACM Neto.
“Para ingressar no novo partido, abro mão, neste momento, da pré-candidatura presidencial e serei um soldado da democracia para recuperar o sonho de um Brasil melhor”, disse Moro nas redes sociais, na quinta-feira. Ele afirmou também que aceitou o convite do União Brasil porque o Brasil precisa de uma alternativa “que livre o país dos extremos, da instabilidade e da radicalização”. “Por isso, aceitei o convite do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, para me filiar ao partido, e assim facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única”, afirmou ele na quinta-feira.
Ontem, entretanto, Moro surpreendeu ao fazer pronunciamento negando que tenha desistido do Planalto. “Não desisti de nada. Muito menos do meu sonho de mudar o Brasil. Pelo contrário, sigo firme no meu projeto. Brasil vive um momento decisivo… propostas erradas de Lula e Bolsonaro, governos baseados em mentiras”, disse. E completou: “Para livrar o país desses extremistas, coloquei meu nome à disposição. Não tenho ambição por cargos. Senão continuaria juiz ou ministro. Não serei candidato a deputado federal”.
Ainda segundo Moro, ele ingressou no União Brasil porque o partido é o mais alinhado ao centro político. “Me filiei ao União Brasil com a intenção de unificar para tentar combater o radicalismo. Meu movimento precisou de desprendimento e humildade. Não foi um atalho fácil, foi um caminho árduo. Sou privilegiado por estar ao lado de grandes nomes da política”, concluiu.
Sergio Moro fez pedido para os candidatos da “terceira via” e citou o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), a senadora Simone Tebet (MDB-MS), e o deputado federal André Janones (Avante-MG). Ele não mencionou Ciro Gomes (PDT). “Fui a primeira liderança a fazer esse gesto (desistir). Não colocarei meus desejos à frente do país. Precisamos de atitudes assim”, completou.