No evento, um homem foi espancado por policiais após uma discussão – não há indícios de participação do deputado no incidente.
G1 – O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) participou de uma festa na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, apesar de uma decisão do Supremo Tribunal Federal o proibir de sair de Petrópolis, onde vive, e de participar de eventos públicos.
O evento terminou com o dono do clube espancado por policiais após uma discussão. Ele disse que os envolvidos disseram ter convidado Silveira para a festa. Não há indício da participação do deputado na confusão.
As imagens das câmeras de segurança do clube mostram Silveira entrando no lugar por volta das 16h do último sábado (9).
O RJ1 entrou em contato com a defesa de Silveira, que informou que não havia conseguido falar com o deputado.
Decisão do STF
Segundo decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, Daniel Silveira não pode se ausentar da cidade onde tem residência fixa, Petrópolis, na Região Serrana do Rio, a não ser para viajar a Brasília para exercer as funções de parlamentar.
No fim de março, Moraes mandou Silveira colocar a tornozeleira, atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Mas o deputado resistiu e só colocou o equipamento quase uma semana depois.
O parlamentar concordou com a instalação do equipamento de monitoramento após o ministro determinar que o Banco Central bloqueasse as contas bancárias ligadas a Silveira para garantir o pagamento de uma multa diária de R$ 15 mil caso o deputado continuasse se recusando a ser monitorado por tornozeleira eletrônica.
No início do mês, o deputado afirmou que a tornozeleira eletrônica dele estaria com vida própria, com comportamentos estranhos, e a defesa dele entrou com um pedido de investigação.
Silveira é réu no Supremo por estimular atos antidemocráticos e ameaçar instituições, entre as quais o STF. Ele chegou a ser preso em fevereiro do ano passado por divulgar um vídeo com ameaças a ministros do Supremo.
Ao pedir a aplicação da tornozeleira, o Ministério Público afirmou que, mesmo investigado, Silveira continuou fazendo ataques às instituições e à democracia.
O Supremo também formou maioria a favor de novas medidas impostas por Moraes ao deputado. Uma delas é abrir um inquérito para investigar Silveira por desobediência de decisão judicial.
Homem espancado por PMs
A festa em que o deputado estava acabou em confusão. Dois policiais militares que afirmavam estar com o deputado agrediram o proprietário do clube depois de discutir porque queriam botar o próprio som no local.
“Eles estavam querendo mostrar autoridade inclusive ele trouxe aqui aquele deputado Daniel Silveira. E falando pra todo mundo, da confusão, ele falava assim: “Olha, eu trouxe o Daniel Silveira pra Marina, ele é meu convidado’.”
“Primeiro fiquei com vergonha, fiquei um pouco envergonhado com a situação até por causa do meu olho, a minha imagem. Mas depois eu preferi contar expor porque até pra me proteger”.
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o proprietário do clube é agredido por dois oficiais da Polícia Militar.
Duas festas aconteciam no clube, e só uma tinha sido autorizada a colocar música. Segundo David, o desentendimento começou porque a festa em que os policiais estavam insistiu botar o próprio som.
“Pedi uma vez, pedi a segunda, pedi a terceira, eles não respeitaram. E quando eles não respeitaram, falei: ‘Olha, eu não vou discutir mais’. Eu fui lá e desliguei o disjuntor do som. Desliguei o disjuntor da luz. Aí, o som deles parou. Pra mim, já estava resolvido a situação, tanto que vim pro outro lado fiquei conversando tranquilamente com os convidados. A esposa dele veio pra cima de mim e começou a me xingar, que eu não poderia ter feito isso”, conta David.
“O de branco me empurrou, e o capitão da PM veio já me socando. Eu caí no chão, e o outro começou a me bater. Enquanto o pessoal viu, começou a ficar revoltado, veio pra separar confusão.”
Os agressores foram identificados como Victor Hugo da Costa Silva, lotado no 15º BPM, e Thiago Freitas, lotado no Grupamento Aeromóvel. Sonroa – mostrando autoridade.
A assessoria da Polícia Civil disse que assim que o comando da corporação recebeu o vídeo, os PMs foram identificados e convocados a depor. Um inquérito já foi instaurado para apurar a conduta dos policiais envolvidos.