Líder do MBL é alvo de processo de cassação por quebra de decoro parlamentar
Folha de São Paulo –
Alvo de processo de cassação na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado estadual Arthur do Val (União Brasil), conhecido como Mamãe Falei, decidiu renunciar ao mandato nesta quarta-feira (20).
A decisão não interrompe o andamento do processo na Alesp que pode torná-lo inelegível por oito anos. Ele é julgado por quebra de decoro parlamentar em razão de falas sexistas sobre mulheres ucranianas.
Arthur do Val e seus aliados do MBL (Movimento Brasil Livre) têm criticado o encaminhamento dado ao caso pelos deputados. O encerramento do mandato por meio da renúncia, na visão deles, serviria como símbolo dessa divergência.
Eles defendem que Do Val não deveria ser cassado, ainda que suas atitudes tenham sido dignas de repúdio, e que ele está sendo perseguido por suas posições políticas e por ter conseguido a aprovação de medidas impopulares na Alesp.
“Sem o mandato, os deputados agora serão obrigados a discutir apenas os meus direitos políticos e vai ficar claro que eles querem na verdade é me tirar das próximas eleições. Estou sendo vítima de um processo injusto e arbitrário dentro da Alesp. O amplo direito a defesa foi ignorado pelos deputados, que promovem uma perseguição política”, diz o deputado ao Painel.
“Vou renunciar ao meu mandato em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia. Mas não pensem que desisti, continuarei lutando pelos meus direitos”, completa.
Na terça-feira (12), o Conselho de Ética da Alesp aprovou por unanimidade a proposta de cassação do mandato de Do Val.
A decisão segue para a Mesa Diretora da Assembleia, que precisa dar aval para o caso seguir ao plenário —em forma de um projeto de resolução que, por regimento, terá ainda que ser apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça.
A proposta, então, precisará ser pautada pelo presidente da Casa, Carlão Pignatari (PSDB), e obter maioria simples (voto favorável de 48 deputados) para ser aprovada.
Arthur do Val virou alvo de processo na comissão de ética por causa das falas que ele enviou a um grupo de WhatsApp após uma viagem à Ucrânia, que enfrenta uma guerra contra a Rússia.
Nos áudios, ele diz que as mulheres ucranianas são fáceis “porque são pobres”. Nas mensagens, Arthur também afirma que a fila de refugiados da guerra tem mais mulheres bonitas do que a “melhor balada do Brasil”.
Do Val pretendia ser candidato a deputado federal em outubro. Antes do escândalo, seu projeto era disputar o governo de São Paulo pelo Podemos.