O ministro do STF disse que as Forças Armadas estão “sendo orientadas para atacar o processo [eleitoral] e tentar desacreditá-lo”
Nesta segunda (25), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), falou sobre as declarações do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o general, as Forças Armadas “não são crianças para serem orientadas”.
“A fala do ministro Barroso foi indevida, pois as Forças Armadas não são uma criança para serem orientadas. Em todo esse processo, elas têm se mantido à parte, sem manifestações de seus comandantes ou de seus integrantes”, disse Mourão sobre a fala do magistrado.
Durante o domingo (24), em um seminário para uma universidade da Alemanha, Barroso disse que “as Forças Armadas estão sendo orientadas para atacar o processo [eleitoral] e tentar desacreditá-lo”.
Para Barroso, as Forças Armadas não irão sucumbir a esse movimento. “Tenho a firme expectativa de que as Forças Armadas não se deixem seduzir por esse esforço de jogá-las nesse universo indesejável para as instituições de Estado, que é o universo da fogueira das paixões políticas”, destacou.
Apesar disso, Barroso reafirmou sua confiança no processo eleitoral brasileira, afirmando que desde 1996 “não tem nenhum episódio de fraude. Eleições totalmente limpas, seguras”.
O ministro também ressaltou que o Brasil é um dos países que passam pela ascensão do que chamou de “populismo autoritário” e defendeu o papel das Supremas Cortes. “Elas são obstáculo ao populismo autoritário”, frisou.
Em nota, o Ministério da Defesa disse que a declaração de Barroso é “ofensa grave”. O órgão pontuou que “repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas, de que as Forças Armadas teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia”. O comunicado oficial é assinado pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
“Afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral, ainda mais sem a apresentação de qualquer prova ou evidência de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável e constitui-se em ofensa grave a essas instituições nacionais permanentes do Estado brasileiro. Além disso, afeta a ética, a harmonia e o respeito entre as instituições”, assinalou o general.