G1 – O presidente Jair Bolsonaro participou dos protestos deste domingo (1º), mas evitou fazer discursos de improviso e não fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que agradou a cúpula do Centrão.
Aliados do presidente temiam que Bolsonaro, comparecendo às manifestações, aumentasse a tensão com o Judiciário.
Os líderes do Centrão, base aliada do governo no Congresso Nacional, preferiam, inclusive, que o presidente não comparecesse aos atos de domingo. Ele, porém, fez questão de estar presente, para estar, como disse, ao lado de seus apoiadores fiéis. Mas atendeu pelo menos em parte ao desejo de seus aliados, evitando criticar o Judiciário.
Entretanto, no ato em Brasília, onde Bolsonaro esteve mas não discursou, cartazes e falas em carros de som pediam intervenção militar e faziam ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). Intervenção militar e ataques aos poderes são inconstitucionais.
O receio do Centrão é que, com críticas em tom autoritário ao Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro perca apoio entre eleitores de centro, que não aprovam esse tipo de comportamento presidencial. Ou seja, o cálculo eleitoral é que pesa nos alertas feitos ao presidente sobre a necessidade de parar com os ataques ao tribunal.
Entre os aliados do presidente, no entanto, a avaliação é que não dá para cravar que ele vai realmente baixar o tom na relação com o Judiciário. Isso porque, em outras ocasiões, ele fez um recuo momentâneo, mas depois voltou à carga nos ataques ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral.
A avaliação é que Bolsonaro vai manter a tensão, principalmente questionando a segurança do sistema eleitoral, para usar esse argumento caso venha a ser derrotado nas eleições deste ano. Segundo aliados, o presidente sinaliza que pode não aceitar o resultado das eleições e tentar melar o processo.
Por isso que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), junto com um grupo de senadores, vem organizando uma estratégia em defesa da democracia e das urnas eletrônicas. Eles vão visitar em breve o STF e o TSE para hipotecar apoio a esses dois tribunais, alvo de ataques do presidente e de bolsonaristas.
Além disso, vão apresentar um projeto limitando o alcance do indulto individual, a graça do perdão, concedido por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). A ideia é proibir que esse tipo de perdão seja concedido em casos de crime contra a ordem institucional e contra a democracia.