Profissional de saúde foi denunciado por filho de mulher que morreu por complicações de câncer em Goiânia
Metrópoles – Um médico do Hospital de Câncer Araújo Jorge foi indiciado, pela Polícia Civil de Goiás (PCGO), por cobrar R$ 400 para preencher documento de apólice de seguro de vida de uma paciente que morreu por complicações da doença, na capital goiana, em julho do ano passado. Ele não chegou a ser preso.
“Esse caso é sobre minha mãe. O médico cobrou 400 Reais para preencher a apólice de seguro, quando ela morreu”, afirmou o filho da paciente, que gravou toda a ação e disse ter recebido até recibo do profissional de saúde. “Filmei tudo, gravei. Além de documentos, até recibos do pagamento, o médico me deu”, disse ele, indignado.
O médico teria se aproveitado do momento de dor da família para vender supostas facilidades. De acordo com o filho da paciente, o médico admitiu que preenchia os documentos como se estivesse “fazendo atendimento particular, um favor, porque, se fosse pagar auditoria pelo laudo, sairia muito mais caro”.
De acordo com a Polícia Civil, o médico não pode assinar o documento, porque é proibido por regra do Conselho Federal de Medicina (CFM). Apenas um perito pode assinar o documento. Não foi informado o que o indiciado disse em depoimento.
O filho da paciente disse que fez a denúncia à polícia pensando em seu próprio caso, no desrespeito com o qual foi tratado em um momento em que tinha acabado de perder um ente querido. Mas, explica ele, agiu assim também para que outras famílias não passem por situação semelhante.
Orientação
Em nota à imprensa, a Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), mantenedora do Hospital de Câncer Araújo Jorge, informou que o preenchimento do relatório de seguradora configura atividade. Por esse motivo, a entidade disse que orienta os integrantes do seu corpo clínico a não preencherem a declaração.
Além disso, de acordo com a nota, a ACCG não compactua com infrações à lei ou com desvios éticos, o que inclui o preenchimento desses formulários e que é expressamente proibido por resolução do CFM.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou, também em nota, que não tem conhecimento da denúncia, mas vai acompanhar o caso e verificar se houve infração ética na conduta do profissional.
Alerta
A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap) pediu para que familiares de pacientes entrem em contato pelo Disque Combate à Corrupção (181), caso tenham passado pela mesma situação de cobrança.