Mais cedo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que ‘o mal voltou’ ao seu país, mas ‘vamos superar tudo’
AFP – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou neste domingo que, “como em 1945, a vitória será nossa”, traçando inúmeras comparações entre a Segunda Guerra Mundial e o conflito na Ucrânia, por ocasião do 77º aniversário da derrota do regime nazista alemão, comemorado por Moscou em 9 de maio.
— Hoje nossos soldados, como seus ancestrais, estão lutando ombro a ombro pela libertação de sua pátria da sujeira nazista, confiantes de que, como em 1945, a vitória será nossa — disse Putin, às vésperas da comemoração da data.
Putin disse ainda que “hoje, o dever comum é impedir o ressurgimento do nazismo, que causou tanto sofrimento aos povos de diferentes países”, e desejou “que as novas gerações sejam dignas da memória de seus pais e avós”.
O presidente russo também fez inúmeras referências a civis na “frente doméstica” que “esmagaram o nazismo à custa de inúmeros sacrifícios”.
— Infelizmente, hoje o nazismo está levantando a cabeça novamente — afirmou, em uma passagem dirigida aos ucranianos, a quem ele desejava “um futuro pacífico e justo”. — Nosso dever sagrado é deter os sucessores ideológicos daqueles que foram derrotados [na Segunda Guerra Mundial, que Moscou chama de “a grande guerra patriótica”].
Na segunda-feira, a Rússia comemorará a vitória contra a Alemanha nazista com um desfile militar. A Rússia diz que a operação lançada na Ucrânia em 24 de fevereiro visa “desmilitarizar” e “desnazificar” a Ucrânia.
‘O mal voltou’
Pragmatismo na diplomacia e aversão aos EUA explicam apoio à esquerda, mas políticas da Rússia são mais próximas do conservadorismo Mais cedo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que o mal havia retornado à Ucrânia, mas que Kiev prevaleceria. O comentário foi feito durante um discurso emocionado por ocasião do aniversário de rendição da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e um dia antes de Putin marcar a vitória soviética com um amplo desfile militar.
— A escuridão voltou à Ucrânia décadas após a Segunda Guerra Mundial… O mal voltou. De uma forma diferente, sob diferentes slogans, mas com o mesmo propósito — declarou Zelensky, em um vídeo gravado em frente a prédios de apartamentos ucranianos carbonizados com imagens de ataques com mísseis russos sobrepostas.
O presidente ucraniano disse ainda que “nenhum mal pode escapar da responsabilidade, não pode se esconder em um bunker”, em referência ao líder nazista Adolf Hitler, que passou os últimos dias de sua vida em um bunker em Berlim, onde cometeu suicídio nos últimos dias da guerra.
Zelensky não citou Putin em seu discurso em vídeo, mas usou uma linguagem vívida para expressar seu horror pela devastação.
— Uma nova encenação sangrenta do nazismo foi montada. Uma imitação fanática deste regime. Suas idéias, ações, palavras e símbolos — afirmou, para em seguida ponderar: — Vamos superar tudo. E sabemos disso com certeza, porque nossos militares e todo o nosso povo são descendentes daqueles que venceram o nazismo.
A Ucrânia lutou ao lado da Rússia como parte da União Soviética na Segunda Guerra Mundial, e ainda marca formalmente o Dia da Vitória em 9 de maio, mas como se voltou para o Ocidente desde 2014, instituiu um Dia de Lembrança e Reconciliação em 8 de maio, quando França, Reino Unido e Estados Unidos marcam o “Dia da Vitória na Europa”.
A rendição incondicional da Alemanha nazista entrou em vigor às 23h01 do dia 8 de maio de 1945, que já era 9 de maio em Moscou. Os russos chamam a guerra de Grande Guerra Patriótica de 1941-45.
A Ucrânia não vai realizar nenhum evento público em 8 ou 9 de maio deste ano por medo de bombardeios. Algumas cidades têm toque de recolher desde a noite de domingo até a manhã de 10 de maio.