Presidente da Câmara afirmou ainda, durante uma conferência, que instituições do país são ‘fortíssimas’. Declaração ocorre em meio à tentativa de Bolsonaro de levantar dúvidas sobre urnas.
Durante uma conferência sobre o Brasil e a economia mundial, organizada pelo banco BTG, nesta terça (10), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que o país necessita ter “tranquilidade política” para as eleições desse ano, além de declarar que o sistema eleitoral é confiável.
“Eu fui eleito nesse sistema durante seis eleições e não posso dizer que esse sistema não funciona. O sistema é confiável. Precisa de ajustes? Precisa. Mas é importante que nós tenhamos tranquilidade política no pleito, e nós haveremos de ter. Como eu disse no início da nossa fala, as instituições brasileiras são fortíssimas, elas funcionam plenamente”, disse o presidente da Câmara.
A fala de Lira bate de frente com a estratégia de Bolsonaro e aliados de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. Porém, o próprio Bolsonaro já afirmou não ter provas de suas acusações, porém a estratégia continua em curso.
No pronunciamento, Lira ainda disse que partidos e políticos de centro, na opinião dele, têm feito uma “moderação nacional” e assumiram “uma responsabilidade muito forte no equilíbrio dos extremos, na polarização política e nas dificuldades de convivência”.
“Nós sempre priorizamos e lutamos para que os poderes se autocontenham, para que fiquem restritos às suas esferas institucionais para que o Brasil funcione plenamente como democracia estável, como democracia forte, com instituições fortes e que tenham um encaminhamento, de qualquer que seja o pleito eleitoral, o resultado do pleito deste ano de 2022, o Brasil saiba exercer o seu papel de protagonismo mundial”, disse Lira.
Reformas administrativa e tributária
A investidores e políticos, o presidente da Câmara também defendeu a votação da reforma administrativa e fez críticas à posição do governo diante da matéria. Para Lira, houve um recuo do Planalto no apoio à medida.
“Nós tivemos uma posição, que eu não deixo de criticar, de uma ‘refluição’ do governo em ano de eleição e de um acirramento da oposição em não permitir que essa pauta andasse. E eu credito isso, a reforma administrativa, ao último bastião daqueles que perderam todas as bases de luta com relação às reivindicações, como, por exemplo, o fim do imposto sindical, votado pelo Congresso. Dificultou esse aparelhamento do Estado. E o último bastião está na luta da reforma administrativa. Nós vamos fazê-la”, afirmou o presidente da Câmara.
A reforma administrativa foi enviada ao Congresso em setembro de 2020 e tem como objetivo alterar as regras para os futuros servidores dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União, estados e municípios. A proposta foi aprovada por uma comissão especial da Câmara dos Deputados, em setembro de 2020, mas ainda não foi enviada ao plenário da Casa.
Bolsonaro já afirmou que as reformas não devem avançar em 2022 e que anos eleitorais são “difíceis” e que “não tem negociação”.
Lira também defendeu a votação da reforma tributária. O presidente da Câmara disse cobrar “semanalmente” do Senado a votação sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) que altera o sistema tributário do país. A proposta, porém, está travada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por falta de acordo entre os senadores.