Presidente e premiê afirmam que ingresso fortaleceria a aliança militar, e Parlamento deve votar tema nos próximos dias. Amplamente aguardado, anúncio sinaliza grande mudança política após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Em uma mudança política, o presidente e a primeira-ministra da Finlândia expressaram, nesta quinta (12), seu apoio à adesão do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Esse anúncio era esperado após a invasão russa a Ucrânia.
“A Finlândia deve solicitar a adesão à Otan sem demora. Esperamos que as medidas nacionais ainda necessárias para essa decisão sejam tomadas rapidamente dentro dos próximos dias”, disseram o presidente Sauli Niinisto e a premiê Sanna Marin numa declaração conjunta.
“Ser membro da Otan fortaleceria a segurança da Finlândia. Como membro da Otan, a Finlândia fortaleceria toda a aliança de defesa”, afirmaram.
Após décadas de neutralidade, a expressão de apoio dos seus líderes indica que o pedido formal de adesão à Organização seja feita nos próximos dias. Um debate e uma votação no Parlamento do país deve ser feita na próxima segunda (16), de acordo com informações do jornal americano The New York Times.
Mudança política
A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, a aumentou gradativamente sua cooperação com a Otan desde que Moscou anexou a península da Crimeia, em 2014.
Até a Rússia invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano, o país nórdico, no entanto, se recusava a ingressar na aliança militar para manter relações amistosas com o vizinho oriental.
O não alinhamento militar agradou a população finlandesa por muito tempo, como forma de não se envolver em conflitos, mas a opinião pública sobre a Otan mudou rapidamente desde que a Rússia iniciou o que chama de “operação militar especial” na Ucrânia.
O apoio popular à adesão da Finlândia à aliança atingiu um recorde de 76%, segundo uma pesquisa recente, bem acima dos cerca de 25% registrados antes da guerra. Vários partidos políticos também sinalizaram ser a favor da medida.
Apoio de países da aliança
Em março, o governo finlandês iniciou uma revisão da política de segurança do país e entregou um relatório para discussão no Parlamento. Paralelamente ao processo interno, o presidente e a premiê viajaram pelos países da Otan para buscar suporte à adesão da Finlândia.
“A Finlândia decidiu se juntar à aliança. A Otan está prestes a ficar mais forte. E o Bálticos estão prestes a ficar mais seguros”, disse nesta quinta-feira Gabrielius Landsbergis ministro do Exterior da Lituânia, integrante da organização, que reúne um total de 30 países.
Os países nórdicos Dinamarca, Noruega e Islândia são membros da Otan desde a sua fundação, em 1949. Nesta quinta-feira, o governo dinamarquês saudou o apoio dos líderes finlandeses à adesão do país.
“A Dinamarca, naturalmente, receberá calorosamente a Finlândia na Otan”, escreveu a primeira-ministra Mette Frederiksen no Twitter, afirmando que o ingresso do país fortaleceria a organização e a segurança comum.
No início de maio, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, também manifestou o respaldo de seu país a admissão da Finlândia e da Suécia na aliança militar.
Alertas da Rússia contra adesão da Finlândia e da Suécia
Espera-se que assim como a Finlândia, a vizinha Suécia também decida nos próximos dias se reverterá décadas de oposição a uma adesão à Otan.
Países-membros da aliança esperam que ambos os países solicitem o ingresso nos próximos dias, o qual deverá ser aprovado rapidamente, afirmaram diplomatas e autoridades ouvidos pela agência de notícias Reuters.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também já afirmou que seria possível permitir que Finlândia e Suécia aderissem à organização rapidamente.
A Rússia fez alertas contra o ingresso de ambos os países na aliança militar. Em 12 de março, o Ministério do Exterior russo afirmou que haveria “sérias consequências militares e políticas”.
Em meados de abril, o ex-presidente e atual chefe adjunto do conselho de segurança do país, Dimitri Medvedev, aliado próximo do presidente Vladimir Putin, afirmou que a Rússia consideraria instalar armas nucleares na região do Báltico se a Finlândia e a Suécia aderissem à Otan.