Já foram notificados 44 casos no Brasil, entre confirmados e sob suspeita
Folha de São Paulo – O Ministério da Saúde montou uma Sala de Situação para monitorar casos notificados de um tipo de hepatite misterioso, que afeta especialmente crianças. O grupo vai acompanhar e investigar os casos relatados para ajudar a identificar evidências que levem às possíveis causas.
Esses esforços serão compartilhados também com entidades internacionais que trabalham na busca do agente etiológico responsável pela hepatite aguda de origem desconhecida.
Vão compor a sala técnicos do ministério, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e outros especialistas convidados. Ela vai funcionar todos os dias da semana e irá padronizar as informações e o fluxo de notificações em secretarias estaduais e municipais de saúde. Como o cenário ainda é desconhecido, e as evidências estão sendo atualizadas o tempo todo, a sala irá manter as diversas instâncias informadas.
Até esta sexta-feira (13), já tinham sido notificados 44 casos, em nove estados, sendo que 23 ainda aguardam classificação e três foram descartados. Em São Paulo foram 15, sendo seis ainda classificados como prováveis.
A ocorrência em crianças saudáveis é considerada incomum pelas agências de saúde e especialistas. Isso porque nenhum dos vírus causadores da doença foi detectado nos pacientes.
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por infecções virais e até o consumo excessivo de álcool, assim como alguns medicamentos e substâncias tóxicas. Existem cinco vírus conhecidos que causam a hepatite: A, B, C, D e E. Além destes cinco, há a hepatite autoimune, em que o próprio sistema imunológico do corpo ataca o fígado.
Depois do aparecimento dos primeiros casos nos Estados Unidos, as autoridades de saúde do país chegaram a relacionar a doença misteriosa ao adenovírus 41, um tipo de vírus comum de resfriados, que provoca problemas respiratórios, conjuntivite ou problemas digestivos em crianças. A maioria das pessoas é infectada antes dos cinco anos de idade.
No entanto, essa hipótese foi descartada logo que as investigações demonstraram que nem todas as crianças doentes tinham sido infectadas pelo vírus. Segundo a OMS, de 169 casos incluídos em um relatório recente, pelo menos 74 tiveram infecção por adenovírus, sendo apenas 18 pelo adenovírus 41.
Outra suspeita que foi descartada, pelo menos como causa principal da hepatite, é a Covid-19.