Moeda norte-americana tem leve recuo ante pares de outros países, mas cenário doméstico ainda prejudica o real
CNN – O dólar subia 0,23%, cotado a R$ 5,156, por volta das 14h25 desta segunda-feira (20), apesar de uma leve recuperação de moedas estrangerias em relação à norte-americana. Entretanto, os investidores seguem avessos a riscos, e fatores internos prejudicam o mercado doméstico.
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,31%, aos 100.132 pontos, prejudicado por um lado pelo recuo em bloco de ações ligadas ao minério de ferro, que fechou com forte queda na China. Na ponta positiva, estão o desempenho dos papéis de bancos e da Petrobras, com leve recuperação após a indicação de Fernando Borges como presidente interino.
Nas últimas semanas, os temores sobre uma recessão global ganharam força em meio a uma série de altas de juros em grandes economias, levando a uma retirada investimentos de mercados considerados arriscados e uma queda nos preços das commodities com a expectativa de demanda menor, dois fatores que prejudicam o Brasil.
Além disso, o real é prejudicado pelo retorno ao radar do risco fiscal no Brasil, com aumento de gastos e possível desrespeito ao teto de gastos, além de incertezas em relação à Petrobras com a renúncia do seu presidente e temores de uma intervenção na política de preços da estatal após um novo reajuste nos combustíveis, o que seria mal visto pelo mercado.
Ao longo da semana, os investidores estarão atentos a novos desdobramentos sobre a situação da Petrobras, assim como a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de junho, considerado a prévia da inflação.
O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022.
Na última sexta-feira (18), o dólar fechou em alta de 2,35%, cotado a R$ 5,146. Já o Ibovespa caiu 2,9%, o que fez o principal índice da B3 ficar abaixo dos 100 mil pontos, aos 99.824,94 pontos, voltando aos níveis de novembro de 2020.
Sentimento global
Os investidores ainda mantém uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A autarquia já subiu os juros em 0,75 ponto percentual, a maior elevação desde 1994, e o mercado teme que a economia do país esteja caminhando para uma recessão.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Ao mesmo tempo, os investidores acompanham os dados sobre a economia do país para entender o quão agressivo o Fed poderá ser no processo.
No fim de maio e começo de junho, por exemplo, a visão de que a autarquia não seria tão agressiva no ciclo e o fim de lockdowns em cidades importantes da China aliviaram temores e ajudaram o Ibovespa e o dólar a se recuperar.
Nas últimas semanas, porém, o cenário mudou. A inflação de maio do Estados Unidos sinalizou um quadro mais negativo, reforçando apostas de juros terminais maiores. O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou altas de juros a partir de julho, enquanto a China enfrenta um novo aumento de casos de Covid-19 com temores de novas restrições e o risco fiscal no Brasil voltou a ganhar força.
Com isso, a combinação de um cenário doméstico debilitado, com o retorno de riscos fiscais e temores sobre interferências na Petrobras, e a perspectiva no exterior de fortes apertos monetários voltaram a prejudicar o mercado brasileiro.