Marcelo Pimentel afirmou que golpe militar é alimentado por poucos oficiais formados na década de 1970 e não tem adesão das Forças Armadas
Metrópoles – Coronel do Exército que entrou para a reserva em 2018, Marcelo Pimentel criticou a ameaça de golpe que, por vezes, parece ser alimentada pelo Planalto. Pimentel se formou em 1987 na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), a mesma de Jair Bolsonaro.
“A ameaça de golpe envergonha. Na verdade, é uma cortina de fumaça para desviar de outros problemas. Os que parecem entusiastas de golpe [em caso de derrota de Jair Bolsonaro] pertencem à turma de oficiais que se formou na Aman na década de 1970, durante a ditadura. Quem comanda as tropas de fato, hoje, são os militares que se formaram na década de 1980, já no final do regime autoritário, que não são golpistas. Não há adesão das Forças Armadas para um golpe”, afirmou Pimentel.
Na sexta-feira (8/7), em uma solenidade militar em Pirassununga (SP), Bolsonaro citou “agressões internas” e cobrou preparação dos fardados. “Não podemos admitir que a traição venha de gente de dentro do país”, disse Bolsonaro, sem citar nomes. O presidente já ameaçou as eleições de outubro publicamente mais de uma vez.
Segundo o coronel Marcelo Pimentel, o discurso do suposto golpe é alimentado por “quatro ou cinco” generais que, com Bolsonaro, parecem apoiar uma eventual tentativa de ruptura institucional. Entre eles, na visão de Pimentel, os generais Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro e provável vice na chapa de Bolsonaro; Augusto Heleno, ministro do GSI; e Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro e auxiliar de Bolsonaro na campanha.
Como consequência desse movimento, prosseguiu Pimentel, parte da sociedade parece estar perdendo a confiança nas Forças Armadas. Para justificar a tese, citou uma pesquisa de junho do Ipespe que apontou que o índice de confiança da população nos militares era de 70% em 2018, antes de Bolsonaro assumir. Agora, caiu para 58%.