A decisão do Banco Central foi unânime; os juros estão no maior nível desde janeiro de 2017
Poder 360 – A taxa básica de juros, a Selic, subiu para 13,75% ao ano nesta quarta-feira (03). Agora, os juros estão no maior patamar desde janeiro de 2017. A última vez que ficou acima deste nível foi em novembro de 2016, quando estava em 14% ao ano.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi unânime. Todos os 9 diretores do Banco Central concordaram com o novo patamar da Selic, que já sobe há 12 reuniões consecutivas.
Começou a subir em março de 2021, de 2% para 2,75%. Desde então, o salto foi de 11,75 pontos percentuais. Relembre:
- março de 2021 – de 2% para 2,75% (+0,75 p.p.);
- maio de 2021 – de 2,75% para 3,5% (+0,75 p.p.);
- junho de 2021 – de 3,5% para 4,25% (+0,75 p.p.);
- agosto de 2021 – de 4,25% para 5,25% (+1 p.p.);
- setembro de 2021 – de 5,25% para 6,25% (+1 p.p.);
- outubro de 2021 – de 6,25% para 7,75% (+1,5 p.p.);
- dezembro de 2021 – de 7,75% para 9,25% (+1,5 p.p.);
- fevereiro de 2022 – de 9,25% para 10,75% (+1,5 p.p.);
- março de 2022 – de 10,75% para 11,75% (+1 p.p.);
- maio de 2022 – de 11,75% para 12,75% (+1 p.p.);
- junho de 2022 – de 12,75% para 13,25% (+0,5 p.p.);
- agosto de 2022 – de 13,25% para 13,75% (+0,5 p.p.).
O reajuste desta reunião foi de 0,5 ponto percentual, alta esperada pelo mercado financeiro. Só em 2022, a taxa aumentou 4,5 pontos percentuais. Em junho, o BC havia reajustado os juros para 13,25% na penúltima reunião e deixou a porta aberta para uma nova alta em agosto.
Alta de juros no mundo
Os principais países do mundo também aumentaram os juros para controlar a inflação. Os Estados Unidos elevaram a taxa básica para o maior patamar desde 2018. Só em 2022, a alta foi de 2,25 pontos percentuais.
O Banco Central Europeu subiu os juros pela primeira vez em 11 anos. O Reino Unido elevou o percentual pela quinta vez consecutiva. Na América Latina, a Argentina está com taxa de 60% ao ano, a maior do mundo.
Entenda o Copom
O comitê é formado pelos diretores do Banco Central. Reúnem-se a cada 45 dias para definir os juros. O próximo encontro será em 20 e 21 de setembro.
A Selic é o principal instrumento para controlar a inflação, que está elevada no país e no mundo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) chegou a 11,9% no acumulado de 12 meses até junho. Acelerou em relação a maio, quando atingiu 11,7%.
Mesmo com a perda de fôlego, a inflação está 8,4 pontos percentuais acima da meta de inflação, de 3,5%. Analistas dizem que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia deverá pressionar a inflação no mundo, inclusive no Brasil.
O patamar atual também está acima do teto da meta, de 5%. Caso termine o ano acima deste nível, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá que enviar uma carta pública explicando o motivo do descumprimento. Segundo a lei que autorizou a autonomia do BC, é dever central da autoridade monetária assegurar o poder de compra da população.
Campos Neto já precisou dar explicações em 2021, quando a inflação chegou a 10,06% e a meta era de 3,75%. O presidente do BC justificou que o petróleo e a energia pressionaram o índice de preços. Leia aqui a íntegra.
As projeções do mercado financeiro mais recentes, divulgadas no Boletim Focus, indicam que a inflação ainda vai desacelerar para 7,15% no fim do ano. Mesmo assim, ainda fica acima do teto da meta de 2022, de 5%. Os analistas estimam que a Selic terminará 2022 em 13,75% ao ano, patamar atual. Há economistas, porém, que esperam novo reajuste nos próximos meses.
A alta da Selic também tem impactos na atividade econômica do país, porque encarece o crédito. As projeções do mercado financeiro indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá 1,97% em 2022.
Juros reais
Os juros reais –que descontam a inflação– do Brasil serão de 8,52% nos próximos 12 meses. O cálculo é da gestora de recursos Infinity Asset, que estima os percentuais para os próximos 12 meses.
Segundo a empresa, o Brasil está em 1º lugar no ranking mundial das maiores taxas cobradas. O cálculo é “ex-ante”, quando os juros anualizados são estimados com base nas projeções da taxa Selic e da inflação dos próximos 12 meses.
A taxa do país está 4,32 pontos percentuais acima do 2º colocado, o México (4,20%). O levantamento é feito com 40 países. Com as últimas altas de juros, a Argentina deixou de ser a última no ranking. Passou para a 11ª posição, com 0,57% ao ano.
A Bélgica é a lanterna no ranking, com 7,09% negativos. A inflação do país foi de 10,4% no acumulado de 12 meses até julho.