Região de Valais, onde se encontram muitos resorts procurados por alpinistas, enfrenta o drama do aquecimento global
O Globo – As temperaturas crescentes deste verão nos Alpes suíços estão levando as geleiras derretidas a revelar seus segredos. Quem se aventura a explorar a região tem se deparado com destroços de um avião perdido há mais de meio século e até restos humanos.
Segundo reportagem do The Guardian, dois alpinistas franceses encontraram ossos humanos há uma semana, enquanto escalavam a geleira de Chessjen, no cantão de Valais, no sul. A informação foi confirmada por um porta-voz da polícia. O esqueleto foi retirado da geleira por helicóptero no mesmo dia.
Uma semana antes, outro corpo havia sido encontrado na geleira Stockji, perto do resort de Zermatt, a noroeste do Matterhorn. Em ambos os casos, a polícia de Valais disse que o processo de identificação por análise de DNA ainda está em andamento e levará “mais alguns dias”.
A polícia da região alpina mantém uma lista de cerca de 300 casos de pessoas desaparecidas desde 1925. Essa lista inclui o milionário da rede de supermercados Karl-Erivan Haub – um triplo cidadão alemão, russo e americano que desapareceu na região de Zermatt enquanto treinava para um passeio de esqui, em 7 de abril de 2018. A mídia alemã ligou o corpo descoberto na geleira de Stockji a Haub, que foi legalmente declarado morto em 2021.
No entanto, um dos alpinistas que descobriu o corpo disse ao jornal Blick que as roupas que encontraram eram de cor neon, “no estilo dos anos 80”.
Acidente aéreo
Na primeira semana de agosto, um guia de escaladas descobriu destroços de um avião que caiu sobre a geleira Aletsch, perto dos picos das montanhas Jungfrau e Mönch, em junho de 1968.
– De longe, pensei que estava olhando para duas mochilas –, disse Dominik Nellen, 38, ao Guardian. Uma inspeção mais detalhada revelou que os objetos eram pedaços de destroços de uma aeronave Piper Cherokee, que caiu na área em 30 de junho de 1968, levando a bordo um professor, um diretor médico e seu filho, todos de Zurique. Os corpos foram recuperados na época, mas os destroços não.
Os Alpes suíços já sofreram duas fortes ondas de calor neste verão. Em julho, as autoridades aconselharam os alpinistas a não escalar o Matterhorn por causa das temperaturas excepcionalmente altas, que quase chegaram a 30°C em Zermatt.