Outras três pessoas estão detidas preventivamente; joias de ouro e diamantes foram encontrados em residência, segundo autoridades
O Globo – A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira, Marlene de Jesus Araújo, de 47 anos, apontada como a chefe de uma organização criminosa familiar que montou um esquema de garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé, em Mato Grosso. Outras três pessoas também foram presas na operação batizada de “Rainha do Sararé”, que, segundo a PF, era como a mulher se autodenominava. Um quarto alvo da operação segue foragido.
Marlene e seus parentes são do município de Jaru, no estado vizinho de Rondônia, e usavam uma empresa de terraplanagem como fachada. Os mandados de busca e apreensão e prisão preventiva foram cumpridos na cidade de Pontes e Lacerda, no Mato Grosso, que fica uma hora de distância da terra indígena.
— A operação teve como objetivo desarticular organização criminosa responsável pelo financiamento da exploração ilegal de ouro, assim como a receptação e comercialização ilegal — disse o delegado Jorge Vinícius Gobira Nunes.
Na residência, que a mulher usava quando estava na região, foram encontradas joias de ouro de uso pessoal de Marlene. Diamantes, escondidos em papelotes, também estavam entre os pertences apreendidos, de acordo com as autoridades.
Menos luxuosos, peças de maquinários destruídos em operações anteriores na Terra Indígena também estavam nos locais visitados pelos agentes.
A ‘MF – Horas Máquinas e Terraplanagem’, empresa de Marlene, era usada como fachada pelo grupo. Nas redes sociais, ela anunciava o serviço de aluguel de pá carregadeira através da empresa.
Segundo a PF, o esquema de garimpo ilegal era financiado pela utilização do maquinário e o recrutamento de pessoas. O minério extraído da reserva indígena era, então, comercializado de forma clandestina.
A pá carregadeira de Marlene chegou a ser apreendida por um fiscal do Ibama durante a Operação Alfeu III, feita em conjunto com a Polícia Federal, que visava desocupar os garimpos ilegais de “Babalu” e Cooper Pontes, na terra indígena. Em março deste ano, o advogado de Marlene conseguiu uma liminar na Justiça que determinava a devolução da máquina à empresa da mulher.
Segundo os depoimentos de agentes da PF que participaram da ação, em setembro de 2021, o maquinário estava deixando a área, com destino a cidade de Pontes e Lacerda, em um caminhão-prancha quando foi feita a abordagem. Dentro do veículo, além do motorista, estava um homem que foi preso em flagrante por levar consigo ouro. O motorista indicou Marlene como dona da pá carregadeira.