Fontes ouvidas pelo Washington Post em condição de anonimato não deram mais detalhes sobre os materiais
O Globo – Documentos confidenciais relacionados a armas nucleares estavam entre os itens que agentes do FBI buscaram em uma operação na residência do ex-presidente Donald Trump na Flórida, na segunda-feira, segundo apurações exclusivas do jornal Washington Post.
O jornal afirma que conversou com pessoas familiarizadas com o caso, mas que falaram sob condição de anonimato porque a investigação está em andamento.
Segundo a imprensa americana, a operação fez parte de uma investigação que apura se Trump teria levado documentos sigilosos ao deixar a Casa Branca, em vez de entregá-los ao Arquivo Nacional, como prevê a lei.
Especialistas em informação sigilosa disseram que a busca incomum — nunca antes um ex-ocupante da Casa Branca havia sido alvo de uma ação do tipo — destaca as profundas preocupações entre autoridades do governo sobre os tipos de informação que podem ter sido localizadas na residência de Mar-a-Lago e que potencialmente estiveram em risco de cair nas mãos erradas.
As fontes não deram detalhes adicionais sobre o material que era buscado, incluindo se envolviam armas nucleares pertencentes aos EUA ou a alguma outra nação, nem se os documentos foram recuperados pelos agentes, segundo o Post.
Um porta-voz de Trump não respondeu imediatamente a um pedido de comentário do jornal. O Departamento de Justiça e o FBI se recusaram a comentar.
Três dias depois da operação de busca na casa do ex-presidente Donald Trump na Flórida, o secretário de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, rompeu o silêncio nesta quinta e disse que aprovou pessoalmente a varredura do FBI.
Ele anunciou ter pedido a quebra do sigilo do mandado judicial referente à batida policial e afirmou que a lei o impede de divulgar detalhes da investigação que levou à ação — que motivou críticas da oposição republicana de que o governo do presidente Joe Biden estaria aparelhando o Judiciário.
Os republicanos alegam que o ex-presidente colaborava com a Justiça e que a batida policial foi injustificável às vésperas das eleições legislativas de novembro e em meio a indicações cada vez mais fortes de que Trump concorrerá novamente à Presidência em 2024.
Junto com a quebra do sigilo do mandado, Garland também pediu que a lista dos itens recolhidos na casa de Trump venha a público — os pedidos foram apresentados a um tribunal federal da Flórida quase em paralelo à sua fala. O juiz Bruce Reinhart, titular do tribunal, solicitou então que o Departamento de Justiça apresente uma cópia de sua moção aos advogados de Trump até as 15h (16h no Brasil) desta sexta. Depois, deve haver tempo hábil para que a defesa do ex-presidente decida se quer recorrer.
“O poderoso e claro interesse público em entender o que ocorreu sob essas circunstâncias tem forte peso em favor da revelação”, diz a moção. “Dito isto, o ex-presidente deveria ter a oportunidade de responder a essa moção e expor suas objeções, incluindo em relação a quaisquer ‘interesses legítimos de privacidade’ ou o potencial para qualquer ‘dano’ se esses materiais forem divulgados.”
Materiais sobre armas nucleares são especialmente sensíveis e normalmente restritos para um número pequeno de autoridades do governo, disseram especialistas ao Washington Post. Veicular detalhes sobre armas dos EUA poderiam fornecer um guia de inteligência para adversários que buscam desenvolver formas de conter esses sistemas. E outros países devem considerar a exposição de seus segredos nucleares como uma ameaça, acrescentaram.