Em apenas um estado, um dos partidos não declarou apoio a ninguém. Há situações em que, mesmo em lados opostos na disputa, os candidatos tentam colar sua imagem à de Bolsonaro.
G1 – A coligação fechada nacionalmente entre o PL, partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro tenta a reeleição ao Palácio do Planalto, e o PP, umas das principais legendas de sustentação do governo federal, não se replicou na maioria dos palanques estaduais.
As siglas são aliadas em 7 estados, mas adversárias em outros 19. Apenas em 1 estado, o Tocantins, um dos partidos não declarou apoio a ninguém. O prazo final para as convenções partidárias se encerrou na sexta-feira (5).
Bolsonaro, que se lançou numa chapa pura com o general Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa), também do PL, de vice, tem entre seus escudeiros mais fiéis dois integrantes da cúpula do PP: Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, e Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados.
Em alguns locais, ocorrem pelo país situações inusitadas em que, mesmo em lados opostos na disputa estadual, os candidatos das duas legendas tentam colar a sua imagem à de Bolsonaro.
Isso acontece, por exemplo, em Roraima, em que Teresa Surita (MDB) é apoiada pelo PL, e Antonio Denarium, candidato à reeleição pelo PP. O discurso de ambos é a favor da gestão bolsonarista.
No Rio Grande do Sul, é a mesma coisa: tanto Onyx Lorenzoni, candidato pelo PL e ex-ministro do atual governo, quanto Luis Carlos Heinze, do PP, integrante da tropa de choque do Palácio do Planalto na CPI da Covid, vão pedir votos para Bolsonaro.
Em outros estados, porém, na contramão da coligação nacional, o nome apoiado pelo PP vai fazer campanha para Luiz Inácio Lula da Silva, principal rival de Bolsonaro. No Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), que terá apoio do PP, já anunciou que subirá no palanque do petista.
Atualmente, o Partido Liberal e o Progressistas, que integram o chamado Centrão, são as duas maiores bancadas da Câmara dos Deputados. O PL conta com 77 parlamentares e o PP, com 58. Juntas, as siglas somam 135 deputados (quase um quarto dos 513 da Câmara).
O comportamento do PP e PL no pleito de outubro, em que o apoio na corrida presidencial não se reflete necessariamente nos acordos estaduais, não é único no xadrez eleitoral.
Com o PT e o PSB, cuja aliança nacional que resultou na chapa Lula-Alckmin à Presidência, aconteceu algo similar. As legendas estão no mesmo palanque em 15 estados, mas são adversárias em outros 9.
Confira os palanques estaduais do PP e PL:
Onde são aliados:
1 – Amapá
Tanto PP quanto PL estarão no palanque do candidato do Solidariedade, Clécio Luís Vilhena Vieira, ex-prefeito de Macapá. O economista Antônio Teles Júnior (PDT) sairá como vice.
2 – Amazonas
O PP e o PL irão apoiar a candidatura de Wilson Lima (União) à reeleição.
3 – Distrito Federal
Lado a lado, PP e PL vão pedir votos para a reeleição do atual governador, Ibaneis Rocha (MDB). A vice na chapa é a deputada federal Celina Leão (PP).
4 – Mato Grosso de Sul
PP e PL vão estar no palanque de Eduardo Riedel (PSDB). Coube ao PP indicar o nome do vice, que será o deputado estadual José Carlos Barbosa (PP), o Barbosinha.
5 – Paraná
PL e PP defendem a reeleição do governador Ratinho Junior (PSD) para continuar no comando do Palácio Iguaçu. Ele terá na sua chapa o seu atual vice, Darci Piana.
6 – Rio de Janeiro
PL e PP apoiam a candidatura de Cláudio Castro (PL) à reeleição. Washington Reis (MDB), ex-prefeito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é o candidato a vice-governador.
7 – Rio Grande do Norte
Os dois partidos subirão no palanque de Fábio Dantas (Solidariedade). Ele terá Ivan Júnior (União Brasil) como candidato a vice.
Onde PP e PL são adversários:
1 – Acre
PP lançou candidatura própria com o nome do atual governador à reeleição Gladson Cameli. O PL vai subir no palanque com o MDB, que terá Mara Rocha como candidata.
2 – Alagoas
O PP vai apoiar o candidato da sua coligação: Rodrigo Cunha (União), que é senador fora de exercício. Já o PL irá pedir votos para o senador Fernando Collor de Mello (PTB), por conta da aliança fechada.
3 – Bahia
O PP irá apoiar ACM Neto (União), ex-prefeito de Salvador, enquanto o PL terá candidato próprio: o deputado federal João Roma, ex-ministro da Cidadania.
4 – Ceará
O PL irá com Capitão Wagner (União). O PP irá com Elmano de Freitas (PT).
5 – Espírito Santo
O PL vai disputar o governo estadual com Carlos Manato (PL) e o PP irá apoiar Renato Casagrande (PSB).
6 – Goiás
O PL terá candidatura própria com o deputado federal Vitor Hugo (PL). O PP irá apoiar o candidato da sua coligação, Ronaldo Caiado (União), que disputa a reeleição.
7 – Maranhão
O PP fechou apoio ao nome de Carlos Brandão (PSB), enquanto o PL irá com Weverton Rocha (PDT).
8 – Mato Grosso
PL vai apoiar enformalmente o atual governador, Mauro Mendes (União), que tenta a reeleição. O PP vai pedir votos também informalmente à candidata da coligação PT-PV-PCdoB, Márcia Pinheiro (PV).
9 – Minas Gerais
Em uma coligação com o Novo, o PP irá apoiar a reeleição de Romeu Zema, que lidera as pesquisas de intenção de voto. Bolsonaro tentou se aproximar de Zema – os dois foram aliados em 2018 -, mas, diante do silêncio do governador em relação a um possível apoio a Bolsonaro em Minas Gerais, o PL decidiu por uma candidatura própria e lançou na disputa Carlos Viana.
O governador disse que apoia Luiz Felipe d’Ávila (Novo) à presidência, mas não se manifestou sobre um possível cenário no segundo turno.