Candidato do PT ao Planalto fez referência a Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, que defendeu passar a ‘boiada’ em meio à pandemia. Lula participou de ato com indígenas no Pará.
Em encontro com indígenas no Pará, o ex-presidente Lula (PT) afirmou, nesta sexta (2), que recriará o Ministério da Pesca se for eleito. Ele também afirmou que “boiada não vai passar mais” no meio ambiente, caso ele volte ao Palácio do Planalto.
A fala sobre “boiada” é uma referência à declaração de Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro. Durante reunião ministerial em abril de 2020, em meio à pandemia da Covid-19, Salles afirmou que a crise sanitária – principal foco da mídia e da sociedade à época – era uma oportunidade para “ir passando a boiada” e fragilizar regras ambientais.
Durante um discurso em Belém, Lula também falou sobre os países importadores de produtos agropecuários, que estão evitando comprar de quem agride o meio ambiente no processo de produção, o que tem gerado uma preocupação nos produtores brasileiros que atuam “com responsabilidade”.
“Quero dizer a vocês [indígenas] que a boiada não vai passar mais. Porque nós temos que criar na sociedade brasileira a consciência de que a manutenção da floresta em pé é mais saudável e rentável do que tentar derrubar árvore para plantar soja, milho, cana, ou para criar gado”, declarou o petista.
“Os grandes produtores que têm responsabilidade, porque vendem o seu produto no mercado estrangeiro, não querem correr o risco de serem prejudicados por causa da violência contra a nossa Amazônia”, acrescentou Lula.
Em outro momento, o petista afirmou que, caso seja eleito, recriará o Ministério da Pesca – extinto em 2015, pela ex-presidente Dilma Rousseff, do PT.
No governo Bolsonaro, o tema está sob responsabilidade de uma secretaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
“Quero dizer aos pescadores que nós vamos recriar o Ministério da Pesca, porque é uma vergonha um país que tem oito mil quilômetros de costa marítima, que tem 12% de água doce do mundo, a pesca estar ligada ao Ministério da Agricultura”, disse o presidenciável petista.
Além do Ministério da Pesca, Lula tem dito que, caso seja eleito, recriará o Ministério da Segurança Pública e o da Cultura. Além disso, criará pastas específicas para os povos originários, para a igualdade racial e para as mulheres.
A uma plateia composta por indígenas, Lula também defendeu nesta sexta-feira a demarcação de terras e o combate ao garimpo ilegal.
“Eu preciso cuidar melhor dos indígenas, demarcar o território, garantir a demarcação. Não permitir garimpo ilegal em terra indígena, na Amazônia e em lugar nenhum”, disse.