Conversas de 2016, obtidas pela quebra de sigilo de delegados mostram apoio ao esquema na Alerj
A investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sobre o envolvimento de delegados da Polícia Civil com contraventores do jogo do bicho apurou que há envolvimento de deputados da Assembleia Legislativa do Estado nos esquemas criminosos.
Em conversas obtidas pela quebra do sigilo telefônico do delegado Maurício Demétrio, preso em 2021, datadas de 2016, mostram que ele negociava com deputados a inclusão do nome do bicheiro Rogério de Andrade na CPI dos contraventores da Alerj.
“É… tu tem o nome do Rogério de Andrade todo? Sabe? É Rogério de Andrade Silva? Porque eu tô aqui na Alerj, vou… tô manobrando aqui pra botar o nome dele na parada!”, diz Demétrio a Marcelo Araújo,. outro delegado preso por envolvimento em crimes.
De dentro do gabinete de um deputado, que não teve o nome divulgado, Demétrio manda para Araújo uma foto do documento que estava sendo elaborado para incluir Rogério de Andrade na CPI.
“Eu tô fazendo a cabeça de um deputado amigo aqui pegar a presidência… é porque não tá ninguém querendo assinar, entendeu? Eu tô aqui no gabinete dele! Aí, qualquer coisa eu te falo aí!”, diz Demétrio.
O MP aponta que a “ação proativa dos delegados era remunerada pelo bicheiro”, que seria uma Fernando Iggnácio, rival de Rogério de Andrade e a quem Demétrio, Turnowski e Araújo, segundo o MP, favoreciam.
A CPI do jogo do bicho, contudo, nunca chegou a ser instaurada na Alerj.