Extra – Mais de 110 milhões de eleitores foram às urnas neste domingo para eleger, entre outros cargos eletivos, os deputados federais que os representarão no Congresso Nacional pelos próximos quatro anos. Dos 513 parlamentares eleitos, apenas dois ultrapassaram a marca de 1 milhão de votos. Nikolas Ferreira (PL-MG) foi o deputado federal mais votado do país, com 1.491.801 votos quando 99,95% das urnas estavam apuradas no estado. Já Guilherme Boulos (PSOL-SP) teve um total de 1.001.450 votos.
Nikolas Ferreira
As redes sociais são a principal ferramenta de divulgação do bolsonarista mineiro de 26 anos, que tem mais de 3 milhões de seguidores no Instagram. Ele ganhou notoriedade no ano passado ao gravar um vídeo no qual é impedido de visitar o Cristo Redentor por não apresentar comprovante de vacinação contra a Covid-19. O deputado federal mais votado do Brasil se descreve como “cristão, conservador e defensor da família”, e coordena o movimento Direita Minas, também divulgado nas redes sociais.
Nikolas foi alvo de polêmica recentemente após gravar uma menina de 14 anos dentro do banheiro feminino de uma escola particular. Ele usou o registro para criticar a instituição por deixar que uma aluna transgênero utilizasse o espaço. A postagem foi apontada como transfóbica e uma violação do artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por expor a jovem nas redes. Após a publicação, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) instaurou um inquérito para apurar o caso.
Criado na favela Cabana do Pai Tomás, um dos lugares mais violentos de Belo Horizonte, Nikolas Ferreira é bacharel em Direito pela PUC-Minas, e já comentou nas redes sociais que se sentia “hostilizado” na faculdade por conta de seus posicionamentos políticos contra a esquerda, o feminismo e a “ideologia de gênero”. Nikolas já afirmou que “estudantes das comunidades pobres são, em grande maioria, vítimas da doutrinação ideológica”.
Guilherme Boulos
Com 100% das urnas apuradas em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) se tornou o deputado federal eleito com mais votos no maior colégio eleitoral do país: 1.001.450 eleitores. O professor, que foi membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MST), chegou a 2022 mais forte politicamente, depois de ter ido ao segundo turno contra Bruno Covas (PSDB) para disputar a prefeitura da capital nas últimas eleições.
O candidato seguiu na mesma tônica da estratégia de campanha de 2020, e conseguiu suavizar a imagem de “radical” entre o eleitorado — herança da sua atuação em movimentos sociais pela reforma agrária. Em dobradinha com Lula (PT), que aparece em vídeos nas redes o citando nominalmente, Boulos conquistou atenção e apoio da classe artística, que lutou pelo voto da esquerda na internet.
O movimento de se candidatar a deputado é dar mais um passo atrás, para tentar chegar mais longe. Em 2018, Guilherme Boulos tentou a Presidência, e teve menos de 1% dos votos válidos. Depois, candidato a prefeito, agora ele conquista o seu primeiro cargo eletivo, e ocupa uma das cadeiras do estado na Câmara.