Apesar de ter liberado filiados, partido Novo publicou comunicado afirmando que o posicionamento de seu fundador não o representa “e vai contra tudo o que sempre defendemos”
CNN | O fundador do partido Novo, João Amoêdo, confirmou à CNN sua decisão de votar no candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no segundo turno. Ele desistiu de anular o voto.
Entre os motivos da sua decisão, estão as declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre aumentar o número de ministros do STF, a eleição de um Congresso mais conservador e alinhado com Bolsonaro, e uma forte rejeição ao comportamento do presidente na pandemia.
“É ingênuo quem acredita que Bolsonaro não representa uma ameaça à democracia num eventual segundo mandato”, disse Amoêdo.
Ele garante que segue em oposição ao PT, mas que seu voto é pelo “direito de continuar existindo oposição no país”.
Amoêdo foi o candidato do Novo à presidência em 2018, mas declarou voto em Bolsonaro no segundo turno em oposição ao PT.
“Nunca me imaginei apertando o 13, mas, quando aparecer a foto do Lula na urna, vou respirar fundo e lembrar de tudo que aconteceu na pandemia”, completou.
A decisão de Amoêdo provocou um racha no partido Novo. O atual presidente da legenda, Eduardo Ribeiro, chamou a decisão de “vergonhosa”. O Novo liberou seus filiados para votarem depois da derrota do seu candidato, Luiz Felipe D’Ávila.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que pertence ao Partido Novo, está fazendo campanha intensamente para Bolsonaro no Estado.
À reportagem, João Amoêdo afirmou que tomou a decisão de declarar o voto no ex-presidente Lula após a vitória de aliados de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional e em governos estaduais. O empresário e fundador da legenda destacou que a declaração não representa uma concordância com as ideias do Partido dos Trabalhadores.
“Eu quero ser oposição, mas vejo mais garantias de poder ter esse posicionamento com Lula do que com Bolsonaro”
Amoêdo também afirmou estranhar as críticas da legenda em relação ao seu posicionamento. “Não posso ser responsabilizado por ter relevância no debate público. O estatuto do partido permite que o filiado possa se posicionar. As críticas vão contra a liberdade de expressão”, afirmou.