Após renúncia de Liz Truss, o partido Conservador terá que escolher o novo primeiro-ministro do Reino Unido na próxima semana.
G1 – A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, anunciou na quinta-feira (20/10) sua renúncia ao cargo, o que significa que agora haverá outra eleição interna do Partido Conservador para decidir quem se tornará o seu próximo líder e, consequentemente, primeiro-ministro do país.
A escolha para substituí-la deve ser concluída até o final da próxima semana.
A premiê já estava sob pressão desde o começo do mês, quando seu governo anunciou propostas econômicas de corte de impostos e aumento de gastos públicos.
Esses anúncios foram mal recebidos pelos mercados, provocaram uma desvalorização da libra esterlina e redução acentuada dos índices da bolsa de Londres — e em consequência a queda do ministro da Economia, Kwasi Kwarteng.
Os candidatos precisam de pelo menos 100 indicações de outros parlamentares conservadores para poder concorrer. Isso significa que no máximo três deles vão poder concorrer porque há 357 parlamentares conservadores.
Na prática, é provável que haja dois candidatos, ou apenas um, que se tornaria líder sem a necessidade de votação.
Ninguém confirmou ainda que os políticos abaixo vão concorrer, mas estes são alguns dos potenciais candidatos.
Rishi Sunak
Rishi Sunak concorreu para substituir Boris Johnson como líder do Partido Conservador há alguns meses, disputando contra Liz Truss. Ele conquistou o apoio da maioria dos parlamentares conservadores, mas perdeu na eleição feita entre os mais de 200 mil membros do partido.
Agora, ele tem sido apontado como o favorito para chegar ao cargo nas bolsas de apostas do Reino Unido.
Durante a campanha, ele alertou que os planos fiscais de sua rival, Liz Truss, prejudicariam a economia, mas sua mensagem não atraiu os membros do partido e ele acabou perdendo a disputa por 21 mil votos.
Sunak tornou-se parlamentar em 2015 pelo distrito eleitoral de North Yorkshire, da cidade de Richmond. Poucos fora de Westminster, sede do governo britânico, tinham ouvido falar dele, mas em fevereiro de 2020 ele já estava ocupando um dos cargos mais importantes do governo, o de ministro da Economia.
Na época, ele teve que lidar com a pandemia de coronavírus, gastando enormes quantias de dinheiro para tentar sustentar a economia durante os períodos de lockdown.
Isso não foi fácil para um homem da ala thatcherista, ainda mais para um defensor da redução de impostos e conservador nos gastos públicos. Ainda assim, ele ganhou popularidade.
No entanto, sua reputação foi prejudicada após uma polêmica sobre problemas fiscais de sua esposa. Pouco depois, ele recebeu uma multa por violar as regras do lockdown.
A parlamentar conservadora Angela Richardson já prometeu seu apoio a Sunak dizendo: “Tendo passado o verão (quando houve a disputa eleitoral entre Sunak e Truss) apoiando Rishi Sunak, minhas opiniões não mudaram. As últimas seis semanas o colocaram ainda mais em evidência”.
Penny Mordaunt
Penny Mordaunt teve o gosto de ser primeira-ministra no início desta semana, quando substituiu Liz Truss durante uma breve ausência da mandatária.
No último pleito, ela teve forte apoio de seus colegas parlamentares, mas perdeu a chance de concorrer no segundo turno, na eleição com os membros do partido.
Depois de apoiar Truss, ela foi nomeada líder da Câmara dos Comuns e presidente do Conselho Privado, grupo de conselheiros do rei formado por membros do Parlamento e da Câmara dos Lordes.
Em 2019, Mordaunt fez história ao se tornar a primeira mulher ministra de Defesa do Reino Unido — uma escolha natural para uma reservista que já havia servido como ministra das Forças Armadas quando o primeiro-ministro era David Cameron.
Até agora, Mordaunt recebeu apoio dos deputados John Lamont, Maria Miller, Bob Seely e Damian Collins.
Boris Johnson
Nenhum dos possíveis candidatos ao cargo é mais famoso do que o político que era primeiro-ministro até algumas semanas atrás.
Boris Johnson foi forçado a renunciar em julho após uma revolta em massa de ministros e parlamentares.
Além de outras controvérsias, Johnson enfrentou meses de duras críticas por causa de sua participação em festas em Downing Street, sede do governo britânico, em períodos de lockdown na pandemia.
O deputado de Uxbridge, cidade a noroeste de Londres, enfrenta uma investigação sobre se obstruiu uma investigação sobre violações das regras do lockdown.
No entanto, Johnson ainda tem aliados tanto no Parlamento quanto entre os filiados do partido em geral. Uma de suas apoiadoras de longa data é a deputada Nadine Dorries — ela argumentou que Johnson deveria retornar ao cargo de primeiro-ministro, pois recebeu um mandato do público britânico nas eleições gerais de 2019.
Outros parlamentares que já se manifestaram em favor do retorno de Johnson incluem Paul Bristow, Brendan Clarke-Smith, Andrea Jenkyns e Michael Fabricant.
Ben Wallace
Enquanto muitos líderes do Partido Conservador dividem as opiniões, o secretário de Defesa, Ben Wallace, é amplamente visto pelos colegas parlamentares como um “homem que inspira segurança.”
Wallace tem atraído cada vez mais atenção desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, já que o Reino Unido tomou uma decisão antecipada de apoiar Kiev com armas e treinamento militar.
Apesar de sua oposição ao Brexit, Wallace tem sido um dos principais apoiadores de Boris Johnson e foi recompensado com um cargo no gabinete em 2019.
Antes de se tornar político, ele serviu como soldado na Alemanha, Chipre, Belize e Irlanda do Norte, onde frustrou um ataque do grupo extremista IRA para realizar um ataque a bomba contra soldados britânicos.
Depois que Johnson deixou o cargo, houve quem sugerisse que Wallace poderia concorrer ao cargo — principalmente porque ele estava liderando as pesquisas do site Conservative Home —, mas ele optou por apoiar Truss, descrevendo-a como “autêntica”.
Kemi Badenoch
Kemi Badenoch surpreendeu a todos ao se candidatar na mais recente corrida pela liderança do Partido Conservador — e, embora ela não tenha vencido, a disputa ajudou a aumentar significativamente sua popularidade.
Embora seja uma política relativamente jovem — de 42 anos — ela ganhou o apoio do conservador sênior Michael Gove.
Nascida em Wimbledon, no sul de Londres, ela cresceu nos Estados Unidos e na Nigéria, onde sua mãe dava aula de psicologia.
Antes de chegar ao Parlamento — onde representa a cidade de Saffron Walden — ela trabalhou para o banco privado Coutts e para a revista The Spectator.
Sua função mais importante no governo até hoje foi liderar o departamento de Comércio Internacional.
Suella Braverman
Suella Braverman renunciou ao cargo de ministra do Interior do Reino Unido nesta semana, movimento que aumentou a pressão sobre Liz Truss.
A primeira-ministra deixou o cargo menos de 24 horas depois. Embora a saída de Braverman tenha relação com um caso de violação de dados, sua irritada carta de demissão sugeriu que ela não concordava com a política de imigração de Truss.
Braverman diz que é seu “sonho” enviar para Ruanda imigrantes que chegam ilegalmente ao Reino Unido e critica manifestantes esquerdistas, chamando-os de “leitores do jornal The Guardian” e “comedores de tofu”.
A advogada, que defendeu o Brexit, foi procuradora-geral no governo de Boris Johnson. Ela disputou a liderança do partido após a renúncia de Johnson, mas foi eliminada no segundo turno.
Seus pais emigraram para o Reino Unido na década de 1960 do Quênia e da Maurícia, e ambos passaram um tempo atuando política local — sua mãe foi conselheira por 16 anos.
Braverman foi a primeira ministra do gabinete a tirar licença-maternidade — depois que a lei foi alterada para que as mulheres no cargo pudessem receber licença-maternidade remunerada. Antes, era esperado que mulheres que engravidassem no cargo renunciassem a seus postos.