Votação da PEC da Transição na Câmara não afeta escolha de ministros, diz Rui Costa
Folha de São Paulo | Futuro ministro da Casa Civil e governador da Bahia, Rui Costa (PT) disse neste sábado (17) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá 37 ministérios.
A lista dos ministérios ainda não foi divulgada. Costa confirmou à imprensa que será criada uma pasta para a pesca. A Economia ainda será fatiada em Fazenda, Indústria e Comércio, além de Planejamento e uma pasta específica para gestão.
Já o atual Ministério da Infraestrutura será transformado em duas pastas, uma para tratar de transporte e outra sobre portos e aeroportos.
O futuro chefe da Casa Civil disse que a escolha dos ministros não será afetada pela votação na Câmara da PEC da Transição.
O presidente Arthur Lira (PP-AL) teria sinalizado a aliados que pode facilitar a aprovação da proposta se emplacar aliados em cargos do primeiro escalão do governo Lula.
“O Senado em momento nenhum condicionou [a aprovação] a uma negociação de ministérios ou de cargos, e a gente tem a confiança, crença, de que a Câmara fará a mesma coisa. Então o presidente [Lula] não quer vincular uma coisa a outra”, disse Costa.
Ele afirmou que a futura gestão também terá o Ministério dos Povos Originários, outro para esportes e uma pasta para as mulheres. Ainda citou a criação do Ministério das Cidades, a partir do desdobramento do Desenvolvimento Regional.
“Ele [Lula] entende que esta é uma questão muito emblemática não só para o Brasil, mas para a comunidade internacional. O Brasil se desgastou muito ao longo dos últimos anos com essa questão simbólica e importante dos indígenas”, disse Costa.
Segundo o futuro ministro, não haverá aumento de despesas do governo para ampliar o número de ministérios. Isso porque os cargos atuais serão reformulados para acomodar o plano de Lula. Além disso, alguns ministérios vão compartilhar setores como de assuntos jurídicos.
Havia 12 pastas em 1990, sob Fernando Collor, que dois anos depois elevou o número para 14. Com Lula chegou-se a 37 ministérios.
Na gestão Dilma Rousseff (PT) a Esplanada dos Ministérios bateu o recorde de 39 pastas. O presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu que teria apenas 15, mas começou com 22 e termina o mandato com 23 pastas.
“A ideia central é repetir o que a gente está chamando de Lula 2, a estrutura do segundo governo de Lula, que se encerrou em 2010”, disse Costa.
“Esses ministérios com perfil mais garantidores de políticas transversais, como das mulheres, negros e indígenas, serão focados e terão seus cargos definidos para a área-fim, buscando garantir transversalidade ao governo”, afirmou ainda.
A equipe de Lula tinha a expectativa de que fossem anunciados novos ministros até sexta-feira (16), mas a definição travou em meio às discussões da PEC da Transição.
Uma das áreas cobiçadas por Lira é o Ministério das Minas e Energia. O presidente da Câmara defende a nomeação de um aliado, o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA). O nome do parlamentar, porém, enfrenta resistências no próprio setor de energia.
Lira ainda teria pedido o comando da Saúde, mas o nome favorito de Lula segue sendo a socióloga e presidente da Fiocruz, Nísia Trindade.
Rui Costa também está à frente das negociações com o atual governo para liberar residências oficiais de Brasília para Lula e sua equipe.
Ele afirmou que a Granja do Torto deve ser visitada nos próximos dias pela equipe de Lula, mas que o presidente diplomado ainda não deve deixar o hotel em que está hospedado.
“Não há nos próximos dias a possibilidade de o presidente mudar, porque nós iremos visitar agora na próxima semana, possivelmente até segunda-feira (19)”, disse Costa.
“O presidente só mudará para este e outros espaços depois de feitos os levantamentos de todas as pendências e tomadas todas as medidas de eventuais reparos necessários aos imóveis. Você tem que pintar, higienizar, estocar equipamentos e materiais de uso mais íntimo e pessoal”, afirmou ainda.