Mercado esperava alta de 0,44% em dezembro e de 5,60% no acumulado do ano
Segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça (10), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, apresentou uma alta de 5,79% em 2022. Esse resultado fica acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional de 5%.
É a quarta vez consecutiva que inflação fica acima do centro da meta, que neste ano é de 3,5%. Em 2021, o índice acumulado foi de 10,06%.
O número anual ainda ficou um pouco acima da projeção divulgada no Boletim Focus, de 5,62%.
Na passagem de novembro para dezembro, a alta foi de 0,62%.
O mercado esperava alta de 0,44% em dezembro e de 5,60% no acumulado do ano, segundo pesquisa da Reuters.
Principais influências do ano
Com variação de 11,64%, o grupo Alimentação e bebidas foi a principal influência para o resultado de 2022. O grupo teve o maior impacto total no índice, de 2,41 pontos percentuais.
A alimentação no domicílio (13,23%) exerceu a maior influência na alta de 11,64% do grupo Alimentação e bebidas. Os destaques foram a cebola (130,14%), que teve a maior alta entre os 377 subitens que compõem o IPCA, e o leite longa vida (26,18%), que contribuiu com o maior impacto (0,17 p.p.) entre os alimentos para consumo no domicílio. Vale mencionar também a batata-inglesa (51,92%), as frutas (24,00%) e o pão francês (18,03%), diz o IBGE.
“No caso da cebola, a alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas. Já os preços do leite subiram de forma mais intensa entre março e julho de 2022, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%. A partir de agosto, com a proximidade do fim do período de entressafra, os preços iniciaram uma sequência de quedas até o final do ano, sendo a mais expressiva delas em setembro (-13,71%)”, explica André Almeida, analista de preços do IBGE, em nota.
Já a alimentação fora do domicílio subiu 7,47%. Enquanto a refeição teve aumento de 5,86%, a alta do lanche foi de 10,67%.
Em seguida, vem o grupo Saúde e cuidados pessoais, com 11,43% de variação e 1,42 p.p. de impacto.
Nesse grupo, a a principal contribuição (0,61 p.p.) veio dos itens de higiene pessoal (16,69%), em especial os perfumes (22,61%) e os produtos para cabelo (14,97%). Outro destaque foi o plano de saúde, com alta de 6,90% e impacto de 0,25 p.p. no IPCA acumulado do ano. Vale destacar também a alta de 13,52% dos produtos farmacêuticos.
A maior variação do índice geral veio do grupo Vestuário (18,02%), que teve altas acima de 1% em 10 dos 12 meses do ano.
Nesse, os preços das roupas femininas (21,35%) e das roupas masculinas (20,77%) subiram acima de 20% no acumulado do ano. As variações das roupas infantis e dos calçados e acessórios ficaram em 14,41% e 16,83%, respectivamente, enquanto as joias e bijuterias (3,67%) tiveram a menor variação entre os itens pesquisados.
O preço do algodão, uma das principais matérias-primas do setor, teve alta acentuada entre abril de 2020 e maio de 2022, destaca o IBGE. “Os custos de produção subiram e houve uma retomada da demanda após a flexibilização das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de Covid-19”, diz Almeida.
O grupo Habitação ficou próximo da estabilidade, com 0,07% de variação. Nesse segmento, as principais contribuições positivas vieram do aluguel residencial (8,67%), da taxa de água e esgoto (9,22%) e do condomínio (6,80%).
Juntos, os três subitens contribuíram com cerca de 0,62 p.p. no IPCA acumulado de 2022.
“Vale mencionar ainda as altas de quase 20% dos artigos de limpeza (19,49%) e de pouco mais de 6% no gás de botijão (6,27%). Por outro lado, houve queda de 19,01% na energia elétrica residencial, com impacto de -0,96 p.p. no índice acumulado do ano”.
O grupo Transportes (-1,29%) teve a maior queda e o impacto negativo mais intenso (-0,28 p.p.) entre os nove grupos pesquisados. Nele,o maior impacto positivo (0,49 p.p.) veio do subitem emplacamento e licença (22,59%).
O IBGE destaca que a alta do IPVA em 2022 deve-se sobretudo ao aumento no preço dos automóveis em 2021, já que a cobrança é baseada no valor venal dos veículos no final do ano anterior. Os preços dos automóveis novos (8,19%) e usados (2,30%) continuaram subindo em 2022, embora em ritmo menor que o registrado em 2021 (16,16% e 15,05%, respectivamente).
“Outra alta importante foi das passagens aéreas, que subiram 23,53% e contribuíram com 0,14 p.p. no acumulado do ano. No lado das quedas, destaca-se a gasolina (-25,78%), responsável pelo impacto negativo mais intenso (-1,70 p.p.) entre os 377 subitens que compõem o IPCA”, diz o instituto.
Os preços da gasolina caíram de forma mais expressiva entre os meses de julho e setembro, em decorrência de uma série de reduções no preço do combustível nas refinarias e da aplicação da Lei Complementar 194, que limitou a cobrança de ICMS sobre os combustíveis pelos estados.
Influências de dezembro
A pesquisa identificou alta em todos os grupos de produtos e serviços pesquisados no mês. As maiores variações vieram de Saúde e cuidados pessoais (1,60%), que também foi o maior impacto (0,21 p.p.), e Vestuário (1,52%). Transportes (0,21%) e Habitação (0,20%) desaceleraram em relação a novembro, quando registraram 0,83% e 0,51%, respectivamente.
“A queda no preço da gasolina foi o principal fator para a desaceleração em Transportes. Houve redução de mais de 6% no litro do produto nas distribuidoras”, destaca André. Juntos, os grupos Saúde e cuidados pessoais e Alimentação e bebidas representaram cerca de 56% do impacto total do IPCA de dezembro.