Ministro foi criticado por defender solução negociada para crise envolvendo acampamentos golpistas em frente a quarteis e por chamá-los de ‘demonstração de democracia’.
Durante entrevista na manhã desta quinta (12), o presidente Lula (PT) afirmou que não demitirá José Múcio do cargo de ministro da Defesa. Apesar disso, o petista reconheceu que Múcio errou na condução da crise dos acampamentos golpistas.
Lula afirmou ainda que as Forças Armadas não são um poder moderador.
Lula apontou que “todos cometemos erros” e que Múcio permanece no governo porque é de sua confiança.
“Quem coloca ministro e tira ministro é o presidente da República. O José Múcio fui eu quem trouxe para cá (governo). Ele vai continuar sendo meu ministro porque eu confio nele, relação histórica, tenho o mais profundo respeito por ele. Ele vai continuar”, disse Lula em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto.
“Se eu tiver que tirar cada ministro a hora que ele comete um erro, sabe, vai ser a maior rotatividade de mão de obra da história do Brasil. Todos nós cometemos erros”, completou ele.
O movimento bolsonarista culminou nos atos terroristas de domingo (8), em que radicais invadiram e depredaram as sedes dos três poderes em Brasília.
Poucos dias antes, ao assumir o Ministério da Defesa, Múcio chegou a dizer que os acampamentos bolsonaristas eram “uma demonstração da democracia” e afirmou que tinha amigos e parentes participando dessas manifestações.
Múcio, que é ex-deputado federal pelo antigo PFL e ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), foi escolhido por Lula para a pasta da Defesa justamente por ser considerado um político de perfil moderado e conciliador.
Entre os papeis de Múcio está justamente fazer a interlocução do governo Lula com os militares, num ambiente de polarização política das forças, que contam com setores próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na terça-feira (10), diante de especulações sobre a permanência dele no governo, Múcio afirmou que ficará no cargo.
Para o ministro da Defesa, “é hora de juntar os responsáveis para combater os irresponsáveis”. Ele também defendeu que o momento é de criar “estabilidade para o nosso presidente governar”.