Nova leva de exonerações ocorre em meio à desconfiança exposta pelo presidente
Após a dispensa de 40 militares que trabalhavam no Palácio do Planalto ontem (17), mais 13 militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foram desligados de suas funções.
O presidente Lula (PT) já demonstrou desconfiança com a atuação de militares que trabalham no governo.
Dentre os 13 demitidos nesta quarta, 6 são da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial. O segundo sargento da Aeronáutica Bruno Dias Maia Faria, secretário, também está entre os dispensados. Os demais são assistentes e supervisores.
O GSI também fez mudanças no escritório do ministério no Rio de Janeiro —cidade onde morava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Lá foram exonerados 5 militares, de sargentos a soldados, mais baixa patente.
Foram demitidos ainda dois cabos no ministério (sendo um do departamento administrativo e outro de coordenação de eventos e viagens).
O GSI está envolvido em desconfiança por parte dos petistas, desde que Lula ganhou a eleição no ano passado. A pasta, então coordenada por Augusto Heleno, foi perdendo espaço, e a segurança presidencial aproximada do chefe do Executivo tornou-se atribuição da Polícia Federal, até mesmo depois da posse.
Tanto a pasta quanto o seu novo ministro, general Gonçalves Dias, viraram alvo de críticas de integrantes do governo que apontaram morosidade do órgão diante do vandalismo de bolsonaristas no domingo (8).
Diante disso, o GSI determinou o aumento do efetivo de agentes que atuam na proteção do Palácio do Planalto. Deve também deve comprar e modernizar câmeras de vigilância, adquirindo inclusive aparelhos com reconhecimento facial.
Cabe ao CMP (Comando Militar do Planalto), ligado ao Exército, realizar a segurança dos prédios da Presidência. Há dois batalhões disponíveis em Brasília e outros no entorno, que podem ser acionados a depender da demanda.
No Palácio do Planalto, as câmeras de segurança precisam ser modernizadas, segundo pessoas com conhecimento do assunto. De acordo com auxiliares do GSI, já havia um plano de mudá-las, que agora será acelerado.
No domingo, os manifestantes golpistas quebraram diversas câmeras. As que ficaram preservadas foram enviadas para perícia da Polícia Federal no mesmo dia.
Imagens do circuito interno de câmeras do Planalto mostram que, durante os atos de depredação e vandalismo promovidos pelos manifestantes golpistas, eles tiveram tempo para recarregar celulares, registrar imagens e andar livremente pelo local.
Os trechos dos vídeos gravados pelas câmeras de segurança mostram os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avançando sobre diversas áreas do Palácio do Planalto, sem serem confrontados pelas forças de segurança. A maioria deles veste camisetas com as cores verde e amarela —alguns também aparecem nas imagens carregando bandeiras do Brasil.
Diante das invasões, aumentou a desconfiança de petistas com militares. Lula disse, em café da manhã com jornalistas, que optou por nomear pessoas de confiança para serem seus ajudantes de ordem porque não confiava em alguns militares nomeados no último governo por Augusto Heleno, ex-ministro do GSI.
Depois, afirmou acreditar em conivência de militares no dia em que bolsonaristas invadiram e vandalizaram as sedes dos três Poderes, inclusive o Palácio do Planalto.
“Eu estou esperando a poeira baixar. Eu quero ver todas as fitas gravadas dentro da Suprema Corte, dentro do palácio. Teve muito agente conivente. Teve muita gente da PM conivente. Muita gente das Forças Armadas aqui de dentro coniventes. Eu estou convencido que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui”, afirmou.