Principal sinal que militares pretendem passar ao presidente é de pacificação, deixando claro haver compromisso com o Estado democrático de Direito
Nesta sexta (20) ocorrerá uma reunião entre o presidente Lula (PT) e os comandantes das Forças Armadas e a expectativa em torno deste encontro é alto. Militares da ativa avaliam que o mandatário é dependente de uma conciliação com as FA e de sua necessidade em liderar um movimento de pacificação do ambiente.
Com isso, o principal sinal que os militares pretendem passar para o presidente é de pacificação, destacando o compromisso das Forças com o Estado democrático de Direito. Para isso, pretendem reforçar que as eventuais falhas e responsabilidades nos atos golpistas do dia 8 de janeiro sejam punidas.
Além disso, a intenção é deixar claro que a punição aos responsáveis se insere em um contexto de promover um processo de despolitização nos quartéis após a era Bolsonaro.
Por outro lado, há expectativa de que seja possível deixar claro que os mais recentes gestos e falas do presidente que apontaram desconfiança sobre militares –como o interesse em desmilitarizar o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e acabar com a figura do ajudante de ordens militares, além do descarte inédito de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no dia 8 de janeiro por desconfiar que poderia descambar para um golpe de Estado– prejudicaram a relação e ampliaram a desconfiança de lado a lado.
Há incômodo também com o processo de fritura do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
Um general disse à CNN que se o ministro da Defesa é fritado pelo entorno petista do presidente, comandantes das Forças também podem ser.
A leitura é que a estigmatização e discriminação dos militares é danosa não só a Lula, mas a qualquer presidente, uma vez que, para eles, não há como um chefe de Estado e de governo prescindir das Forças Armadas de um país.
Integrantes das Forças disseram à CNN que o cenário dos próximos anos indica possíveis sobressaltos na economia, que podem resvalar para insatisfações populares como as que o país teve em 2013, quando se iniciaram as grandes manifestações nas ruas.
Há percepção de que, nas palavras de um general, a energia bolsonarista que levou aos atos de 8 de janeiro, pode retornar e que, portanto, é preciso o presidente estar próximo, e não distante, das Forças Armadas.
Para os militares ouvidos pela CNN, a falha maior no dia 8 de janeiro foi do sistema de inteligência do governo do Distrito Federal e do governo federal, em especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Palácio do Planalto, que ignorou os informes sobre as manifestações.
Dizem ainda que Lula sempre foi hábil e conciliador, mas que não tem demonstrado essas qualidades desde os atos criminosos em Brasília.
Afirmam também que ele se elegeu em um cenário muito apertado e não com ampla folga e ainda em um contexto em que parte considerável da população considera que as eleições foram fraudadas, quadro mostrado em recente pesquisa da AtlasIntel.