Em encontro, brasileiro fala em Amazônia ‘não como um santuário da humanidade, mas como um centro de pesquisa’ mundial; presidentes ressaltam defesa da democracia
Estadão | Os Estados Unidos sinalizam “apoio inicial” ao Fundo Amazônia em comunicado conjunto com o Brasil divulgado pelo Itamaraty, nesta sexta-feira, 10, após o encontro dos presidentes Joe Biden e Luiz Inácio Lula da Silva. A jornalistas, o petista também defendeu a existência de uma “governança global” para a questão climática, que passaria por reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Lula afirmou ainda que Brasil não vai “transformar a Amazônia em um santuário da humanidade” e nem “abrir mão de sua soberania”. “O que nós queremos na verdade é compartilhar com a ciência do mundo inteiro um estudo profundo sobre a necessidade da manutenção da Amazônia, mas extrair da riqueza da biodiversidade, algo que possa significar a melhoria da qualidade de vida das pessoas que moram lá”, completou o presidente.
Segundo Lula, os dois presidentes não discutiram diretamente o investimento no Fundo Amazônia, mas o petista apresentou a necessidade de os países ricos financiarem aqueles que têm florestas.
“Eu não discuti especificamente um fundo amazônico, eu discuti a necessidade dos países ricos assumirem a necessidade de financiar todos os países que têm florestas. Só na América do Sul, além do Brasil, nós temos Equador, temos a Colômbia, temos o Peru, temos a Venezuela, temos as Guianas, ou seja, nós temos vários países que nós temos de cuidar, então não tratei especificamente do fundo da Amazônia. Tratei da necessidade de preservar”, disse.
Criado em 2008 por meio de um decreto, o Fundo nasceu com o objetivo de captar doações monetárias e reverter em investimentos em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além de promoção da conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal. Gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a iniciativa foi paralisada em abril de 2019, no governo Bolsonaro, e retomada por Lula em janeiro deste ano. Hoje, conta com US$ 1,2 bilhão de recursos captados pela Noruega e da Alemanha.
Depois de anos tentando aportar recursos para apoiar a proteção à Amazônia, os EUA mostraram uma maior disposição à frente. “Como parte desses esforços, os Estados Unidos anunciaram sua intenção de trabalhar com o Congresso para fornecer recursos para programas de proteção e conservação da Amazônia brasileira, incluindo apoio inicial ao Fundo Amazônia, e para alavancar investimentos nessa região muito importante”, apontou o comunicado conjunto de EUA e Brasil, publicado nesta noite.