Com quase dois meses de governo, alguns dos ministros de Lula (PT) têm tido algo em comum. Atualmente, três ministros têm suas esposas como conselheiras de tribunais de contas estaduais. E qual a função de um Tribunal de Contas? Isso mesmo, fiscalizar a boa ou má utilização do dinheiro público.
E o número pode aumentar. Em março ocorrerá a eleição na Assembleia Legislativa da Bahia para o cargo de conselheiro no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM-BA). Aline Peixoto é a favorita para ser eleita. A semelhança? É esposa de Rui Costa (PT), ministro da Casa Civil e que foi governador da Bahia por dois mandatos, até 2022. O atual governador da Bahia? Jerônimo Rodrigues (PT), aliado de Costa, que ainda tem muita influência dentro do legislativo baiano.
Além de Rui Costa, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT) emplacou sua esposa, Rejane Dias, como conselheira do Tribunal de Contas do Piauí em janeiro.
Em Alagoas não é diferente. Renata Calheiros, esposa de Renan Filho (MDB), ministro dos Transportes, foi eleita pelos deputados estaduais para o TCE em dezembro do ano passado. Renan foi governador do estado por dois mandatos, até abril de 2022.
No Amapá, Marília Góes, esposa de Waldez Góes, ministro do Desenvolvimento Regional, ocupou o cargo no TCE em fevereiro de 2022, muito antes das eleições. Porém, a Justiça chegou a suspender sua nomeação por suspeita de nepotismo, mas a decisão foi revertida. Seu marido era governador do estado na época.
Mas por que toda esse interesse neste cargo específico? Veja bem, além da estabilidade (até os 75 anos, idade limite no serviço público) e o altíssimo salário (a partir de R$ 35.462,22), algo chama muito a atenção: sendo esposas dos ex-governadores, elas ficam impedidas de participar do julgamento das contas destes governos.
Mesmo proibido pela Justiça, em decreto do próprio presidente Lula ao fim de seu segundo mandato, em 2010, aparentemente o nepotismo não tem encontrado tantas barreiras para ocorrer no Brasil.