Decisão foi tomada após governo do Pará confirmar diagnóstico; contraprova é esperada no Canadá
Folha de São Paulo – O governo suspendeu temporariamente as exportações de carne bovina para a China após a confirmação de um caso de mal da vaca louca em um animal em Marabá (PA).
A suspensão ocorre por um protocolo de 2015 assinado pelos dois países que estabelece um autoembargo nas vendas à China quando uma nova ocorrência de vaca louca —encefalopatia espogiforme bovina— é identificada no Brasil.
“Seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China serão temporariamente suspensas a partir desta quinta-feira (23). No entanto, o diálogo com as autoridades está sendo intensificado para demonstrar todas as informações e o pronto restabelecimento do comércio da carne brasileira”, disse o Ministério da Agricultura, em nota.
O ministro da Agricultura, Carlos Favaro, afirmou nesta quarta-feira (22) que tudo indica que a doença seja atípica —caso em que é desenvolvida durante o processo degenerativo do animal, mais comum em bovinos mais velhos.
“A experiência dos nossos técnicos na avaliação, a rotina onde o animal era criado, sem consumo de rações […] tudo isso permite dizer que a probabilidade é muito grande de que seja atípica”, disse à CNN Brasil.
Segundo Favaro, nessas condições, não há risco para a população comer carne bovina, uma vez que os casos atípicos não são transmissíveis. “Eu posso garantir, que a população brasileira não se preocupe com relação ao consumo de carne bovina”, completou.
O ministro ainda afirmou que o Brasil não tem capacidade laboratorial de identificar qual a tipologia da doença. Por isso, é preciso esperar a contraprova realizada no Canadá para confirmar se trata-se de caso atípico.
“A suspensão que o Brasil tem protocolarmente que fazer das exportações à China é meramente formalidade […] Quero crer, e é uma convicção minha, que antes da visita do presidente Lula à China no final do mês de março, que ainda está para ser confirmada, nós já tenhamos esse caso solucionado”, concluiu o ministro.
Em 2021, o Brasil permaneceu sem enviar carne bovina à China por mais de cem dias, entre setembro e dezembro. Na ocasião, o Brasil havia comunicado dois casos atípicos da doença registrados em Nova Canaã do Norte (MT) e em Belo Horizonte (MG).
Quando as exportações são suspensas por esse motivo, o Ministério da Agricultura envia dados às autoridades chinesas para que a situação de risco seja analisada, e as vendas de carne, liberadas. O processo, no entanto, pode se arrastar por meses.
Segundo a Agricultura, o animal identificado com a doença tinha 9 anos e estava em uma pequena propriedade em Marabá.
“O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local. O serviço veterinário oficial brasileiro está realizando a investigação epidemiológica que poderá ser continuada ou encerrada de acordo com o resultado”, afirmou o ministério.
A Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará), que informou o resultado positivo da doença, disse que o caso foi identificado no sudeste do estado, em uma propriedade que tem 160 cabeças de gado e já está isolada pela agência. “A propriedade foi inspecionada e interditada preventivamente”, afirmou.
Amostras foram enviadas a uma instituição no Canadá para confirmar se o caso é atípico.
CHINA É O MAIOR COMPRADOR DE CARNE BOVINA DO BRASIL
1º China US$ 7,98 bi
2º EUA US$ 991 mi
3º Chile US$ 396 mi
4º Egito US$ 370 mi
5º Hong Kong US$ 333 mi
6º Filipinas US$ 275 mi
7º Emirados Árabes US$ 268 mi
8º Israel US$ 247 mi
9º Itália US$ 211 mi
10º Países Baixos US$ 202 mi
Fonte: Associação Brasileira de frigoríficos; dados de 2012