Vazadouro não tem manutenção pela empresa V2 Ambiental, aumentando o risco de novas ocorrências até mais graves
Após o incêndio em área do antigo lixão de Maceió, ocorrido na última sexta-feira (3), o deputado federal Delegado Fábio Costa (PP/AL) acionou órgãos ambientais e de controle para cobrar providências sobre uma série de irregularidades praticadas pela empresa V2 Ambiental na gestão do espaço, no bairro de Cruz das Almas.
O parlamentar enviou ofícios ao Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de Alagoas (MPAL), ao gabinete do prefeito JHC (PL), à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet), à Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes), à Comissão de Meio Ambiente e Urbanística da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL), ao Instituto do Meio Ambiente (IMA) e ao Tribunal de Contas de Alagoas (TC/AL).
Ele sugere a criação de um grupo de trabalho composto por autoridades ambientais e um plano de isolamento e evacuação do entorno daquele terreno, com a máxima urgência, assim como celeridade na definição e aplicação do que precisa ser feito em termos de manutenção para minimizar riscos a população.
No exercício do mandato de vereador por Maceió e na condição de presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente na Câmara Municipal, Costa denunciou, pela primeira vez, em 2021, o que classifica como descaso da administradora e ausência de recuperação ambiental do vazadouro.
O antigo lixão foi desativado há 13 anos e a área segue degradada. A V2 Ambiental foi contratada em 2009, pelo valor de R$ 394 milhões, e tinha como obrigação contratual promover toda a manutenção do espaço. A estimativa prevista era de um custo de mais ou menos R$ 6,53 milhões somente para a recuperação do lixão. Esse valor corresponde a quase 2% do valor total contratado à época.
“Ainda em 2021, eu mostrei que a lagoa de chorume, que fica lá no alto, continha material totalmente poluente, transbordando em direção a uma de nossas praias. Ali existe um elevado risco à população que transita ou reside nas proximidades do vazadouro, e entendo ser necessário que haja um trabalho em conjunto que abarque todos os órgãos que tenham potencial poder de intervenção na administração daquele depósito de materiais de sobra”, destacou Fabio Costa.
Segundo o deputado, o incêndio ocorrido na semana passada poderia ter sido evitado com o monitoramento da cobertura vegetal do solo, a exemplo de uma simples capinação da vegetação ressequida por consequência do verão, mas nem isso foi providenciado pela administradora.
E avalia que a situação é extremamente preocupante pela iminência de episódios assim atingirem os bolsões de gases gerados pela decomposição dos materiais depositados ali por décadas. A preocupação é se o fogo entrar em contato com esses gases comprimidos no solo.
“Os gases que estão acumulados no solo são de fácil combustão, expondo todos que, de alguma forma, transitam ou residem na região e, neste aspecto, é preciso enfatizar as tragédias que já ocorreram no Brasil, que, devido à decomposição do lixo, causou explosões. Em 2010, no antigo lixão no Morro do Bumba, em Niterói- RJ, uma tragédia contabilizou 111 mortes pela falta de monitoramento e remediação da área”, frisa.