Segundo governo, ordens de ataques teriam partido de dentro da penitenciária de Alcaçuz, na Grande Natal. Facção criminosa é quem organiza ações.
G1 – As ordens para os ataques criminosos registrados desde a madrugada de terça-feira (14) no Rio Grande do Norte foram motivadas por exigências como aparelhos de televisão e visitas íntimas, para presos do sistema penitenciário estadual. A afirmação foi feita pelo secretário de Segurança Pública, Francisco Araújo, na manhã desta quarta-feira (15).
“Pelas reivindicações, eles querem televisão, querem sistema de iluminação, visita íntima, coisa que o sistema prisional não está atendendo porque está cumprindo a lei de execução penal”, afirmou.
Os ataques já atingiram 24 cidades no estado e tem como alvos prédios públicos, comércios e veículos. Duas pessoas ficaram feridas e outras duas morreram em confronto com a polícia.
Inicialmente, a Secretaria de Segurança Pública havia dito que as ações eram em retaliação por ações policiais com apreensão de armas e drogas. Mais tarde, ainda na terça-feira (14), disse que a ordem vinha de dentro dos presídios e organizada por uma facção criminosa.
Segundo a secretaria, as ordens teriam partido de dentro da Penitenciária de Alcaçuz, a maior unidade prisional do estado, localizada em Nísia Floresta, na Grande Natal. E está sendo organizada pela facção.
Um preso apontado como líder da facção criminosa foi transferido da penitenciária de Alcaçuz, nesta terça-feira (14), para um presídio federal. O secretário ainda afirmou que outros presos deverão ser transferidos ao longo desta quarta (15). Um outro organizador foi morto em confronto com a polícia na Paraíba — ele faz parte de facção que atua no RN.
“Nós temos investigações, tanto da Polícia Civil, como da Polícia Federal e Ministério Público, de possíveis pessoas que estavam presas com esse líder da organização criminosa que foi transferido ontem à noite, de ter ordenado esses ataques. Ele estava preso em Alcaçuz, recebeu visitas e, pelas investigações, tem indícios de ele ter dado ordem para fazer esse tipo de ação”, declarou.
Alcaçuz
De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária, tanto o presídio de Alcaçuz como outras unidades prisionais do estado não contam aparelhos de televisão, energia elétrica ou visitas íntimas.
As mudanças ocorreram após um motim seguido de um massacre, em uma guerra entre facções rivais, que vitimou 27 presos.
Ainda segundo a Seap, as medidas tomadas desde 2017 seguem normativas nacionais. As celas são iluminadas por refletores que ficam nos corredores do presídio, para evitar que os presos usem a fiação elétrica para carregar possíveis aparelhos celulares que entrarem no presídio.
Segunda noite de ataques
O Rio Grande do Norte teve a segunda noite de violência com ataques na capital, Natal, e pelo menos outras cinco cidades nesta quarta-feira (15). Segundo a polícia, a ação é organizada por uma facção que tem queimado prédios públicos, comércios e veículos. Ao menos duas pessoas ficaram feridas.
Na madrugada, 100 homens da Força Nacional chegaram ao estado para reforçar a segurança. De acordo com o último balanço da Polícia Militar, 28 pessoas foram presas desde o início dos ataques. Uma pessoa morreu em um confronto com a polícia e duas pessoas ficaram feridas durante ataques.
Impactos
A onda de violência está impactando serviços públicos. Em Natal, o transporte público vai funcionar, mas com a frota reduzida. Os ônibus também começaram a circular mais tarde, a partir das 6h30.
Ainda na capital, a prefeitura suspendeu atendimento em unidades básicas de saúde e em escolas da rede municipal.
Em Mossoró, município que também foi alvo de ataque, o transporte público está suspenso desde a terça-feira.
Universidades suspenderam as aulas na terça-feira após a sucessão de ataques.