Vladimir Putin e Xi Jinping se reuniram pela última vez em setembro de 2022, à margem da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, no Uzbequistão
O Globo – O presidente chinês, Xi Jinping, desembarcou nesta segunda-feira para sua primeira viagem à Rússia desde 2019, afirmando que os países são “bons vizinhos e parceiros confiáveis”. A visita de Estado deve sedimentar a cada vez mais próxima relação entre Pequim e Moscou, mas também evidenciar as linhas vermelhas de Pequim diante da invasão russa na Ucrânia, dias após uma ordem de prisão contra o presidente Vladimir Putin ser emitida pelo Tribunal Penal Internacional por supostos crimes de guerra.
Segundo o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, depois do encontro “cara a cara” desta segunda-feira, entre dois líderes que têm vindo a estreitar relações e a partilhar críticas aos países ocidentais, na terça-feira será o “dia das negociações” e em que Putin e Xi vão dar uma conferência de imprensa conjunta.
O último encontro dos dois líderes aconteceu em setembro no ano passado, à margem da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), no Uzbequistão. Na ocasião, Xi expressou então a Putin “questões e preocupações” sobre a guerra na Ucrânia, de acordo com o Presidente russo.
A China afirmou ser neutra no conflito, mas um mês antes da invasão, Xi e Putin proclamaram uma “amizade sem limites”, na abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim.
Pequim se recusou a criticar a invasão da Ucrânia, mas condenou a imposição de sanções a Moscovo e acusou o Ocidente de provocar o conflito e “alimentar as chamas“, ao fornecer à Ucrânia armas para sua defesa.
O país asiático considera a parceria com Moscovo fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos.
As relações entre Pequim e Washington se deterioraram também rapidamente, nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferindo em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do mar do Sul da China.