BC elevou sua estimativa de inflação para esse ano de 5% para 5,8%. Informações constam no relatório de inflação do primeiro trimestre deste ano, divulgado pelo Banco Central.
G1 – O Banco Central elevou de 1% para 1,2% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
A informação consta do relatório de inflação do primeiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira (30).
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
“A revisão moderada reflete, especialmente, surpresas positivas em alguns componentes do setor de serviços no quarto trimestre de 2022, melhora nos prognósticos para a indústria extrativa e os primeiros indicadores do primeiro bimestre de 2023”, informou.
Apesar da alta, o resultado para o PIB desse ano estimado pelo BC ainda representa desaceleração em relação ao patamar do ano passado – quando a expansão foi de 2,9%. E também frente ao ano de 2021, que apresentou um crescimento de 5%.
Esses dois resultados de anos anteriores foram medidos em um período de recuperação da atividade econômica em relação à fase crítica da pandemia.
“Tal desaceleração é influenciada pela diminuição do ritmo de crescimento global e pelos impactos cumulativos da política monetária doméstica [alta dos juros para conter a inflação]”, avaliou o Banco Central.
Inflação
Para a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o Banco Central elevou sua estimativa para 2023 de 5%, em dezembro do ano passado, para 5,8% em março desse ano.
“Em termos de probabilidades estimadas de a inflação ultrapassar os limites do intervalo de tolerância, destaca-se, no cenário de referência, a subida da probabilidade de a inflação ficar acima do limite superior em 2023, que passou de cerca de 57% [no relatório anterior] para 83% [neste relatório]”, diz o BC.
- Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para esse ano é de 3,25% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
- O mercado financeiro estimou, na semana passada, que a inflação medida pelo IPCA somará 5,93% nesse ano.
Para 2024, a projeção do BC para o IPCA avançou de 3% para 3,6%. A meta de inflação do próximo ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Já para o ano de 2025, a estimativa de inflação do Banco Central avançou de 2,8% para 3,2%. Para esse ano, a meta de inflação foi mantida em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Terceiro ano seguido de estouro
Se confirmado não atingimento da meta em 2023, esse será o terceiro ano seguido de estouro. Em 2020, a inflação somou mais de 10%, ultrapassando o teto.
- Em 2021, a inflação oficial somou 10,06%, maior alta desde 2015, e ficou bem cima do teto da meta para 2021, que era de 5,25%.
- No ano passado, o IPCA somou 5,79%, também acima do teto do sistema de metas, que era de 5% no ano passado.
As metas de inflação baseiam as decisões do Banco Central sobre a taxa de juros. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.
Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano, maior patamar em mais de seis anos, para conter pressões inflacionárias e tentar trazer a inflação de volta às metas pré-definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Apesar de as metas não terem sido cumpridas nos últimos dois anos, e de a previsão ser de novo estouro em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o Banco Central a reduzir a taxa básica da economia – com objetivo de estimular a economia e o emprego.
No começo do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu um aumento na meta de inflação, que atualmente é de 3,25% para 2023 e está fixada em 3% para os próximos dois anos.
- Cabe ao Conselho Monetário Nacional (CMN) fixar as metas de inflação. O conselho se reúne mensalmente e é formado pelos ministros da Fazenda e Planejamento e Orçamento e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
- Uma eventual alteração na meta de inflação divide opiniões. Alguns analistas apoiam a medida, enquanto outros preferem manter os atuais objetivos.