Ministro da Corte reclama de sofrimento das famílias, que são ameaçadas, mas vê volta da normalização nos últimos tempos
Durante uma entrevista para a revista Veja, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, refletiu sobre as mudanças bruscas de popularidade do Tribunal ao longo dos últimos anos.
Mendes lembrou do julgamento do Mensalão, quando as pessoas tratavam os ministros do Supremo como heróis. E, agora, o quadro mudou, principalmente, segundo ele, após o enfretamento da Corte às operações como a Lava Jato.
“Fomos da popularidade súbita, do Mensalão, em algo que era bem visto pela população, para outra posição, de muito criticados quando passamos a fazer um tipo de enfretamento dessas operações, como a Lava Jato. Passamos a pagar um preço altíssimo de alta impopularidade”, disse.
O ministro chegou a brincar, dizendo que estava desacostumado a receber elogios quando foi homenageado pelos 20 anos de atuação na Corte. Mendes afirma que os ministros se preparam para receberem críticas e ataques nas ruas.
“O movimento populista começou a se desenvolver e se valeu disso, satanizando o Supremo Tribunal Federal. Nós passamos a ser alvos de chacotas, agressões na rua. A gente até se prepara para esse tipo de críticas. No ano passado recebi várias homenagem pelos 20 anos de Supremo Tribunal Federal e até disse que estou meio desacostumado com elogios”, explicou Gilmar Mendes.
Por fim, o ministro reclamou do envolvimento das famílias dos juristas, que não tem relação com seus trabalhos e são ameaçados por extremistas. Mendes ainda declarou que a própria sociedade passou a rechaçar esses ataques, voltando a uma normalidade nas relações.
“Nossas famílias sofrem muito. É uma luta abaixo da cintura. As pessoas atacam as famílias, manda mensagens ‘sei onde sua filha estuda’. Ou seja, isso tem um abalo que desestabiliza muita gente. Acho que agora estamos voltando a um quadro de normalidade. A própria sociedade passou a achar que é preciso dizer não a esses abusos”, completou.