Na audiência na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, da Câmara Federal, nessa quarta-feira (12), o deputado federal Fabio Costa (PP) confrontou o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e da Cidadania, sobre declarações polêmicas que o representante do governo Lula deu recentemente. Almeida diz defender a descriminalização das drogas, o desencarceramento em massa e o aborto, assuntos aos quais o parlamentar alagoano se opõe categoricamente.
De maneira oficial, o ministro foi convidado pelos integrantes do colegiado para falar sobre os posicionamentos que tem acerca das drogas e da situação dos presos em decorrência dos atos praticados no dia 8 de janeiro, em Brasília.
Fabio fez questão de se comparar à autoridade convidada ao destacar que também tem origem periférica, mas que, após se tornar delegado de polícia, retornou a estas localidades mais afastadas para reprimir criminosos e não para defendê-los, rebatendo as falas recentes de Almeida em defesa destes temas.
“Sobre a descriminalização das drogas, por mais que o senhor diga que não foi aquilo que quis dizer ou defendeu, mas a fala continua sendo muito grave. Sabemos o quão devastador é o problema das drogas, do vício para as famílias brasileiras. O indivíduo começa com o chamado uso recreativo e acaba sendo escravo de um traficante”, ressaltou o deputado.
Em pouco tempo à frente da pasta de Direitos Humanos, o ministro fez uma série de declarações polêmicas. Sobre o que aconteceu em Blumenau, onde quatro crianças foram mortas em um ataque criminoso a uma creche, Silvio politizou a tragédia ao afirmar que a motivação seria o culto às armas e questões ideológicas. Fabio Costa acredita que, muito claramente, Almeida tentou fazer a ligação deste crime, como outras pessoas fizeram, com questões de direita e dos chamados bolsonaristas.
O deputado mencionou trechos de uma reportagem jornalística em que o padrasto do autor do ataque no interior de Santa Catarina revela que o criminoso começou a se envolver com usuários de crack e cocaína até que não conseguiu mais se livrar do vício, chegando a ficar internado alguns meses em uma clínica de reabilitação, mas retornou logo para o degradável mundo das drogas. O parente informou que, por pouco, também não foi assassinado pelo bandido em um dos surtos provocados pelos efeitos dos entorpecentes.
“Então, ministro, o que causou a morte daquelas crianças foram outras circunstâncias, que não foram essas que o senhor quis construir nesta narrativa tão superficial e tão pobre. O que causou a morte daquelas crianças foram as drogas, que o senhor defende a descriminalização. Provavelmente, aquele indivíduo estava drogado ou sob efeito de entorpecente, que mudou a sua personalidade”, rebateu.
E continuou: “O que causou a morte daquelas crianças foi a impunidade, que o senhor, nas entrelinhas, defende com o chamado desencarceramento em massa. Se aquele criminoso estivesse preso, quando tentou matar o padrasto, esse crime não teria ocorrido”.
O parlamentar aproveitou para questionar o ministro sobre o que ele diria às famílias que foram assassinadas por um viciado em drogas e se o ministério vai enviar uma equipe para acompanhar e dar todo suporte, inclusive psicológico, aos parentes dessas vítimas. “Ou será que o senhor só se preocupa com os direitos humanos dos criminosos?”, indagou.
Fabio ainda citou uma declaração de Almeida em defesa do aborto. O governista falou que as mulheres devem ser livres para decidir, sem se importar com a opinião de homens sobre suas vida, corpo e saúde, sendo favorável a que elas decidam o que fazer. “O senhor defende, excepcionalizados os casos previstos em lei, o assassinato de crianças no ventre de suas mães?”, finalizou Fabio Costa, sendo aplaudido pelos pares.