CNN | O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o mandatário chinês Xi Jinping assinaram, nesta sexta-feira (14), cerca de 20 acordos bilaterais visando fortalecer as relações econômicas sino-brasileiras.
Dois deles estreitam o relacionamento monetário entre os países, com a viabilização de transações comerciais de câmbio direto entre o real brasileiro e renminbi (RMB) — nome oficial da moeda chinesa, mais conhecida no mundo ocidental como yuan. A expectativa é reduzir os custos ao excluir o dólar da operação, além de promover o comércio bilateral e facilitar investimentos por aqui.
Communications BBM (Bocom BBM) no CIPS (China Interbank Payment System), a alternativa chinesa ao ocidental Swift, que conecta milhares de instituições financeiras em todo o mundo. Com isso, o Brasil será o primeiro país da América Latina a ter acesso ao sistema chinês.
“Assinamos o acordo para ser membro. O sistema vai estar plenamente operacional na segunda metade do ano. Nossa meta é que seja algo ao redor de julho”, disse à Reuters Alexandre Lowenkron, presidente-executivo do Bocom BBM.
O segundo, assinado via Memorando de Entendimentos (MoU), institui a sucursal brasileira do Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) como um banco de compensação do RMB no país — ou, nas palavras do Banco Popular da China, um “offshore clearing bank”.
Em nota à CNN, o Banco Central do Brasil avalia que o acordo traz benefícios como o aumento da liquidez da moeda chinesa no Brasil, a manutenção de reservas cambiais em moeda forte no país, a redução de intermediários nos pagamentos internacionais e aproximação do sistema de pagamentos local ao chinês.
A autoridade monetária ressalta que “não se trata de um sistema de pagamentos de transações comerciais, mas um instrumento que permite que as transações sejam feitas em RMB e convertidas em reais de forma mais rápida e menos custosa.”
De acordo com um relatório divulgado em novembro do ano passado pelo Banco do Povo da China (PBC, o banco central chinês), já existem 27 “clearing houses” da moeda chinesa fora da China em 25 países, como Canadá, Alemanha, França, Catar, Austrália e até os Estados Unidos. A primeira delas foi iniciada em Hong Kong em 2003.
Na América do Sul, Chile e Argentina já detêm esse tipo de laço com o gigante asiático.