Estadão | O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que nem a Rússia nem a Ucrânia querem parar a guerra, durante visita a Portugal neste sábado, 22. Lula disse que, ao invés de “escolher um lado” no conflito, quer uma “terceira via”. O petista defendeu uma solução política e negociada para a guerra e voltou a afirmar que o Brasil condena a agressão da Rússia. “Eu nunca igualei Rússia e Ucrânia. Eu sei o que é invasão e o que é integridade territorial”, disse Lula. “Mas agora a guerra já começou e alguém precisa falar em paz”.
“O Brasil quer encontrar um jeito de restabelecer a paz entre a Rússia e a Ucrânia. No caso da guerra, a Rússia não quer parar e a Ucrânia não quer parar”, afirmou. “Pois bem, temos que encontrar países que em relação de confiança queiram sentar e conversar e parar a guerra. Acho que podemos encontrar a solução para essa guerra da Ucrânia e tenho certeza que será infinitamente melhor ao mundo”, prosseguiu. “É melhor encontrar saída em torno de uma mesa do que continuar buscando saída no campo de batalha.”
Lula voltou a defender uma “terceira via” quanto à guerra e afirmou que não irá à Ucrânia, assim como não foi à Rússia. Na semana passada, o chanceler russo, Serguei Lavrov, e o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, fizeram convites ao presidente brasileiro. “Só vou quando houver possibilidade de efetivamente ter clima de construção de paz”, disse.
“Todos nós achamos que a Rússia errou e já condenamos em todas as resoluções da ONU, mas acho que agora é preciso parar a guerra. Estamos numa situação em que a guerra está fazendo mal para o mundo por problema de fertilizante, de comida. Em vez de escolher um lado, quero uma terceira via”, afirmou o presidente brasileiro, destacando que o Brasil está “disposto” a fazer essa ponte.
Lula disse que o Brasil não quer participação no conflito. “Em meu primeiro mandato eu fui aos Estados Unidos e o Bush pediu que o Brasil entrasse na guerra contra o Iraque. Eu respondi que minha guerra era contra a fome no Brasil. Hoje, outra vez, temos 33 milhões passando fome em nosso País. Essa é minha guerra”, discursou.
O presidente brasileiro foi criticado pelos Estados Unidos por falas sobre a Guerra na Ucrânia e pela visita do chanceler russo a Brasília. Quando estava na China, Lula afirmou em coletiva de imprensa que era preciso que os Estados Unidos parassem de “incentivar a guerra”. A mesma opinião foi proferida em relação à União Europeia. Tanto a reação da Casa Branca quanto da UE foram duras, e o porta-voz de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, disse que o petista estava “reproduzindo propaganda russa e chinesa” com uma abordagem “profundamente problemática”.
Questionado em Portugal sobre a declaração feita na China, Lula disse que “se você não fala em paz, você contribui para a guerra”. O presidente contou sobre o pedido da União Europeia para o Brasil vender mísseis à Ucrânia e disse que se tivesse o feito, o País estaria na guerra. “O Brasil não quer a guerra. O Brasil quer a paz”, pontuou.