ESTADÃO | Apesar das críticas de integrantes do meio jurídico e de alguns políticos, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, disse que não haverá dificuldade na aprovação, pelo Senado, do nome do advogado Cristiano Zanin para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Para Pimenta, só uma pessoa passará por constrangimento no processo de validação de Zanin para a Corte: o senador Sérgio Moro (União-PR).
Zanin foi advogado pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos processos da Lava Jato. A operação tinha como juiz Moro, que condenou e mandou para prisão Lula.
“Acho que deve ser constrangedor é para o Moro ter que sabatinar o Cristiano Zanin porque, na realidade, o Moro é uma pessoa que construiu uma trajetória se afirmando como alguém da não política, dizendo muitas vezes que não iria para a política”, disse Pimenta ao Estadão/Broadcast. “Se alguém tem algum constrangimento em relação a sua trajetória, com certeza, não é o Cristiano Zanin”.
O ministro, que é gaúcho, comparou Moro ao juiz de futebol que apita um jogo entre Grêmio e Internacional, toma uma decisão que prejudica um dos times e, terminada a partida, vai trabalhar para o time que ganhou. A metáfora futebolística do ministro é uma referência ao fato de o então juiz Sergio Moro ter condenado Lula por corrupção, prejudicando a candidatura do petista em 2018, e depois ter virado ministro do governo Jair Bolsonaro.
Segundo o ministro, o governo contará com larga vantagem na votação do plenário para aprovar o nome de Zanin. “Vai ser aprovado com grande maioria no Senado”, declarou.
Ao defender a indicação do presidente Lula à Corte, oficializada nesta quinta-feira, Pimenta disse que o advogado tem um bom trânsito e é respeitado por todos. “Não poderíamos de forma alguma criar empecilho por ele ter sido advogado de Lula”, disse, em entrevista ao Papo com Editor, do Estadão/Broadcast.
Na quinta-feira, 1º, Moro escreveu nas redes sociais que a indicação “fere o espírito republicano”. Para o ex-juiz da Lava Jato, que travou uma série de embates com Zanin ao longo da Operação, a escolha de um “amigo pessoal do presidente” para a Corte “não favorece a independência da instituição”.
O advogado de Lula nos processos da Lava Jato foi indicado para a vaga deixada pelo agora ex-ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril. Em outubro, o presidente terá o direito de indicar mais um ministro da Corte, para a cadeira da hoje presidente do STF, Rosa Weber.