Um levantamento exclusivo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revela um aumento preocupante nos casos de feminicídios no Brasil, com 722 registros entre janeiro e junho deste ano, representando um aumento de 2,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este número marca o maior índice para um primeiro semestre desde 2019, alertando para a necessidade urgente de ações eficazes na prevenção e combate à violência contra as mulheres.
O aumento global é impulsionado por uma elevação de 16,2% nos casos na região Sudeste, contrariando a tendência de queda nas outras regiões do país. São Paulo, em particular, experimentou um crescimento expressivo de 33,7%, com 111 casos registrados, evidenciando a importância de uma análise detalhada das políticas de proteção às vítimas. A diretora-executiva do FBSP, Samira Bueno, destaca a precarização da rede de acolhimento em São Paulo como um fator contribuinte.
Diferenças Regionais:
A análise regional revela que, proporcionalmente, o Distrito Federal liderou o aumento nos feminicídios, com um surpreendente aumento de 250%. No entanto, é importante destacar que diferentes estados apresentam realidades distintas, com Mato Grosso do Sul registrando a menor queda, 61,5%.
Desafios e Reflexões:
Na avaliação de Samira Bueno, tornar efetivas as mudanças normativas na Lei Maria da Penha é um desafio crucial. Apesar das alterações legislativas dos últimos anos, a diretora-executiva ressalta que muitas vítimas não denunciaram os agressores, indicando a necessidade de investimento na rede de acolhimento. O cenário demonstra a urgência de transformar as mudanças legais em medidas tangíveis que beneficiem as mulheres em situação de violência.
Estupro e Violência Sexual:
Além dos feminicídios, o FBSP também destaca um aumento significativo nos casos de estupro e estupro de vulnerável, totalizando 34 mil registros no primeiro semestre de 2023. A violência sexual atinge um ponto crítico, com a diretora-executiva do FBSP, Samira Bueno, chamando atenção para uma “epidemia de violência sexual”. A necessidade de enfrentar os obstáculos ao aborto legal também é ressaltada como um elemento crucial nesse contexto.
Os números alarmantes de feminicídios e violência sexual no Brasil demandam uma resposta imediata das autoridades e da sociedade como um todo. É imperativo fortalecer a rede de acolhimento, garantir a efetividade das mudanças normativas e promover uma cultura de respeito e igualdade. O combate à violência contra as mulheres deve ser uma prioridade nacional, visando proporcionar um ambiente seguro e justo para todas as cidadãs brasileiras.