O Antagonista | Nem Lula gostou da Nova Indústria Brasil, informa a Folha de S.Paulo. Na avaliação do petista, a falta de metas concretas no programa anunciado na segunda-feira, 22, abriria margem para críticas.
“Lula reclamou que a proposta não continha pontos concretos, dando margem para as críticas de que se tratava de uma reedição de medidas antigas. Também apontou falhas no documento, como problemas nos prazos para cumprimento das metas estabelecidas”, registra o jornal.
O programa de fato foi criticado por ser uma reedição de medidas velhas, mas não exatamente pela falta de metas concretas. Liderado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Geraldo Alckmin, o programa Nova Indústria Brasil é inevitavelmente uma reedição de medidas velhas, pois foi produzido a partir de ideias velhas.
“Regras de conteúdo nacional que fracassaram”
Para o economista Marcos Lisboa, a política de industrialização do governo Lula parece “reeditar velhos instrumentos que distribuem recursos públicos a acionistas do setor privado”. Ele disse ao Estadão que “pelos textos divulgados até agora, insistimos nos subsídios e regras de conteúdo nacional que fracassaram no começo da década passada”.
Ex-diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Elena Landau, que resumiu a política como o Dia da Marmota, disse o seguinte: “Estão sendo anunciados os mesmos instrumentos do passado para estimular a indústria. No Dia da Marmota, as coisas se repetem, mas pelo menos se aprende com o comportamento passado. No Brasil, em relação à política industrial, isso não acontece”.
Em entrevista publicada pela Folha nesta quarta-feira, 24, ela acrescentou: “É assim: você bota o novo na frente para fazer o velho. De novo, você vai escolher os setores a dedo, de novo você vai dar crédito direcionado, de novo vai interferir no mercado. Só é com nome novo”.
O que Lula planta?
Landau, que coordenou o plano econômico da candidatura presidencial da hoje ministra do Planejamento, Simone Tebet, arrematou: “A filosofia, de novo, é que você vai gastar. O Lula plantou em 2010 o desastre dos governos Dilma. Ele está plantando de novo o desastre de quem vier em 2026 e 2027. É exatamente igual. Os malefícios dessa política não vão sair em um ano e meio. O desastre dessa política vai ficar para o sucessor dele”.