O Antagonista | A Polícia Federal pretende concluir, até o final deste semestre, todas as investigações envolvendo Jair Bolsonaro.
Como temos mostrado, o ex-presidente é alvo de três inquéritos considerados sensíveis pelos agentes: um que apura um suposto plano para se dar um golpe de estado; um segundo relacionado a suposta fraude em cartões de vacinação e um terceiro sobre a venda de presentes doados à Presidência da República.
Nesta fase, os investigadores buscam mais elementos que ligam essas três investigações. Somente depois disso é que o material será encaminhado para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, para que ele determine se será apresentada denúncia contra Jair Bolsonaro ou não.
Agentes ouvidos por O Antagonista ressaltam, no entanto, que medidas mais duras contra o ex-presidente como a expedição de mandados de prisão preventiva, por exemplo, estão descartadas. Do outro lado, não estão fora do radar outras operações ou medidas cautelares mirando Jair Bolsonaro ou seu grupo político.
Tudo, no entanto, vai depender do volume de provas que serão obtidas a partir das perícias nos materiais coletados até o momento e do teor dos depoimentos que estão sendo tomados, principalmente os de ex-integrantes do núcleo duro do governo federal.
Depoimento decisivo: Marco Antônio Freire Gomes
Uma oitiva que tem sido considerada importante pelos agentes é a prestada pelo general Marco Antônio Freire Gomes, que foi comandante do Exército em 2022. Ele implicou Jair Bolsonaro nos atos antidemocráticos que eclodiram no 8 de janeiro.
O depoimento do general Marco Antônio Freire Gomes (foto, ao lado de Jair Bolsonaro) à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira, 1º de março, terminou depois das 22h, durando quase oito horas. O depoimento é visto como uma nova ‘delação premiada’, com teor explosivo semelhante à do tenente-coronel Mauro Cid.
Freire Gomes era o comandante do Exército, quando houve a suposta tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder apesar da derrota nas eleições daquele ano.
Relatório da PF aponta que o general não aderiu à ideia de uma tentativa de golpe de Estado e foi chamado de “cagão” pelo general Walter Braga Netto, então ministro da Defesa e da Casa Civil, e vice de Bolsonaro na disputa pela reeleição.
Em depoimento à PF na semana passada, o general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira confirmou que se reuniu com o ex-presidente em 9 de dezembro de 2022 a pedido do então comandante Freire Gomes.
A PF diz que, nesse encontro, no Palácio da Alvorada, foi discutido um plano de golpe de Estado. Teophilo, na época à frente do Comando de Operações Terrestres (Coter), seria o responsável por acionar militares das Forças Especiais, os chamados “kids pretos”, para a concretização do golpe, com prisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.