O Globo | O governo tenta recuperar R$ 1,5 milhão que foi desviado com a fraude no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) em 5 de de abril. Segundo técnicos envolvidos na investigação, no ataque, a senha de um ordenador de despesa, que manda efetuar pagamentos da União, foi utilizada.
Os criminosos conseguiram desviar ao menos R$ 3,5 milhões. A informação sobre as cifras apuradas foi revelada pelo programa Conexão GloboNews e confirmada pelo GLOBO.
Do total, o governo conseguiu recuperar R$ 2 milhões. Os outros R$ 1,5 milhão o governo tenta recuperar. A suspeita é que a fraude tenha ocorrido dentro do Ministério da Gestão e que diversas operações tenham sido realizadas. Por isso, o valor total do prejuízo ainda está em apuração.
A Controladoria-Geral da União (CGU) abriu, nesta terça-feira, uma investigação preliminar para apurar a participação de servidores na invasão ao sistema.
Na semana passada, houve outro ataque e tentativa de desviar mais R$ 9 milhões. Mas o sistema emitiu alerta e conseguiu bloquear a transferência, após medidas de segurança adotadas em março.
O problema ocorreu no Ministério da Gestão, responsável pelo sistema Gov.br, foi identificado e comunicado ao Tesouro Nacional em março. Os nomes dos envolvidos estão sendo mantidos em sigilo para não atrapalhar as investigações, conduzidas pela Polícia Federal e Abin.
O governo identificou o servidor, autor da senha, mas ainda apura se o código foi roubado. Há suspeita, no entanto, de que haja o envolvimento de um outro investigado na invasão ao sistema.
Uma das suspeitas é de uso da técnica chamada fishing (pescaria, em inglês), que é um e-mail falso pedindo para a pessoa mudar uma senha.
A investigação já esclareceu alguns pontos importantes da fraude. Os criminosos conseguiram acesso a senhas diversas para burlar o sistema e simular pagamentos, segundo apurou o GLOBO. Para isso, eles utilizaram diversos CPFs de supostos “credores” que deveriam receber esses recursos. Parte das verbas, inclusive, pode ter sido enviada ao exterior, aponta a investigação.
O governo descarta, porém, que o desvio seja de grande monta de forma a impactar o resultado fiscal, por exemplo.
Para que haja autorização dos pagamentos, são necessárias senhas de ao menos três pessoas. A senha de uma pessoa é responsável por fazer o pedido de pagamento, outra tem de autorizar o andamento e a senha de uma terceira pessoa é necessária para aprovar o processo final.
Até agora, já foi possível identificar que pelo menos 16 senhas foram usadas de forma fraudulenta e houve tentativa de finalizar pagamentos a mais de 200 falsos credores.