O município de Rio Largo, em Alagoas, voltou aos holofotes após denúncias graves envolvendo corrupção e desvio de recursos públicos durante a gestão de Gilberto Gonçalves, ex-prefeito da cidade. Segundo o deputado federal Glauber Braga, esquemas envolvendo o orçamento secreto canalizaram cerca de R$ 90 milhões para o município, com acusações de práticas fraudulentas que incluem saques em dinheiro e entrega de valores diretamente à prefeitura.
“Gilberto Gonçalves, o ex-prefeito, foi preso em 2007, 2010, 2014 e novamente em 2022 por corrupção. Hoje, continua respondendo a mais um processo pelo Ministério Público de Alagoas”, afirmou Braga, durante entrevista. O parlamentar detalhou o funcionamento do esquema, desvendado pela operação Beco da Pecúnia. “Recursos saíam de Brasília, empresas eram contratadas, o dinheiro era sacado na boca do caixa em mais de 200 ocasiões e entregue a assessores do prefeito em um beco que levava diretamente à prefeitura”, explicou.
Orçamento secreto e Rio Largo no foco das investigações
O deputado apontou que Rio Largo, mesmo sendo um município de apenas 70 mil habitantes, foi um dos principais destinos das verbas oriundas do orçamento secreto. “É absurdo que o município que já esteve envolvido em uma fraude milionária continue recebendo recursos dessa forma. Isso aconteceu novamente no final do ano passado, com Alagoas sendo o estado mais beneficiado em recursos desse tipo, e Rio Largo liderando os repasses”, denunciou.
Braga também destacou a ausência de transparência no uso dessas emendas. Ele mencionou que, em muitos casos, nem o autor da proposta nem o destino final dos recursos foram identificados. “Mais escrachado do que isso é impossível. É um exemplo claro de corrupção institucionalizada e da fragilidade nos mecanismos de controle público”, criticou.
A ligação com Arthur Lira
As denúncias conectam Gilberto Gonçalves a um esquema que, segundo Glauber Braga, foi articulado diretamente pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira. Ele apontou que a Comissão de Turismo, responsável por boa parte das emendas relacionadas a esses repasses, não tem parlamentares de Alagoas, o que reforça a suspeita de que os recursos foram direcionados de forma irregular.
“Esses R$ 90 milhões destinados a Rio Largo não são apenas números. Eles representam o uso escancarado de recursos públicos em benefício de um esquema que tem Arthur Lira como principal articulador”, afirmou Braga, ressaltando que a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), entidade frequentemente ligada às articulações de Lira, foi uma das principais destinatárias desses repasses.
Prisão e processos: o histórico de GG
Gilberto Gonçalves acumula um histórico extenso de escândalos. As prisões por corrupção em diferentes períodos e o envolvimento em novos processos reforçam a imagem de um gestor envolvido em práticas ilícitas. O esquema revelado pelo deputado Glauber Braga traz mais evidências de como o ex-prefeito teria se beneficiado do desvio de recursos do orçamento secreto, o que, segundo ele, inclui saques sistemáticos e uso de intermediários para ocultar o rastro do dinheiro.
Além disso, o deputado reforçou que o esquema não é apenas um problema isolado de Rio Largo, mas uma peça central de uma rede mais ampla que se estende por todo o estado de Alagoas. “É revoltante que, mesmo após tantos escândalos, Rio Largo siga sendo epicentro de fraudes. Isso não é coincidência; é resultado de uma articulação política que privilegia interesses privados em detrimento do bem público”, concluiu.
Investigação em andamento
As denúncias envolvendo Rio Largo e Gilberto Gonçalves seguem sob análise do Ministério Público e da Polícia Federal, com apoio do Supremo Tribunal Federal, onde tramitam diversos procedimentos relacionados a desvios em emendas parlamentares. O desfecho ainda é incerto, mas as acusações reforçam a necessidade de maior fiscalização e responsabilização dos envolvidos.
Enquanto isso, Rio Largo segue marcado como exemplo de como corrupção e mau uso de recursos públicos podem impactar diretamente a administração municipal, deixando a população à mercê de gestões com histórico de irregularidades.