O Antagonista | Quando o Palácio do Planalto imaginou um evento alusivo aos atos de 8 de janeiro, os petistas logo imaginaram a seguinte foto do multitarefa Ricardo Stuckert: Lula, abraçado com a Constituição, ladeado pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); do STF, Luís Roberto Barroso e do TSE, Alexandre de Moraes.
Se possível, a foto perfeita ainda teria ao lado destes personagens algum integrante da oposição: um líder, quer seja da Câmara ou Senado. Serviria qualquer um: Altineu Côrtes (líder do PL na Câmara); Rogério Marinho (líder da oposição no Senado) ou Carlos Portinho (líder do PL no Senado), por exemplo.
Mas Lula ficou na vontade. Ah, ficou sim.
O petista vive de símbolos e tudo que ele e sua turba queriam era uma imagem icônica, para mostrar ao Brasil e ao mundo que Lula (sim, sempre ele) era o protagonista de uma suposta estabilidade democrática.
Mas Lula ficou na vontade. Ah, ficou sim.
A ausência mais marcante, sem dúvida alguma, foi a de Arthur Lira. Não que se duvide dos problemas de saúde de seus familiares (aliás, eu, particularmente, desejo que o familiar de Lira se recupere o quanto antes), mas quando o presidente da Câmara está realmente empenhado em alguma missão, não há problema de saúde (pessoal ou de familiar) que o convença a adotar postura contrária.
Renan Calheiros também faltou. Também alegou problemas de saúde. Mas sabemos que não é bem isso. Calheiros não queria aparecer na mesma foto que Lira. Ao saber que Lira não iria, já era tarde demais. No final das contas, a foto de Lula não tinha nem Lira, nem Renan. José Sarney estava no evento, mas digamos que o velho cacique não é o mais fotogênico dos políticos.
Lula também queria estar ladeado de todos os governadores.
Mas Lula ficou na vontade. Ah, ficou sim.
Lula queria uma foto icônica, mas ficou na vontade.
Não foi dessa vez que Ricardo Stuckert conseguiu aquela foto de capa para entrar para a história.
Apenas 12 dos 27 compareceram. Todos aliados. Um ou outro da oposição deu as caras, como Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Raquel Lyra (Pernambuco). Mas, verdade seja dita: Eduardo é um gentleman e Raquel é uma espécie de Haddad às avessas: a tucana mais petista do PSDB.