A coluna teve acesso ao depoimento prestado por Jair Bolsonaro à PF em 5 de abril sobre caso das joias que ganhou da Arábia Saudita
Metrópoles — O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, em depoimento prestado à Polícia Federal no dia 5 de abril, não saber o motivo pelo qual seus ex-auxiliares se apressaram para tentar retirar as joias sauditas apreendidas pela Receita Federal antes de ele deixar o governo, no final de dezembro de 2022.
Os dois auxiliares mencionados pelo ex-presidente no depoimento, ao qual a coluna teve acesso, são o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro, e o auditor fiscal Julio Cesar Vieira, então secretário da Receita Federal do governo.
“QUE não sabe o motivo pelo qual MAURO CID e JULIO CESAR VIEIRA se apressarem para tentar retirar as joias da Alfândega da Receita Federal até o dia 29/12/2022, sendo que, pelo que entende, acredita que não havia o que ser feito para retirar as joias; QUE não ficou cobrando de ninguém que reouvesse as joias; QUE o entendimento do declarante que não havia o que fazer para retirar as joias foi em razão de, após ter determinado ao ajudante de ordens MAURO CID que obtivesse as informações necessárias já mencionadas no corpo deste termo, não houve resposta por parte do mesmo, dando o declarante por encerrado o assunto”, diz trecho do depoimento.
Apesar de dizer não saber o motivo da pressa, Bolsonaro diz, em outro trecho da otiva, que a intenção de reitrar as joias antes de ele viajar para Orlando, em 30 de dezembro, “era para que não deixar qualquer pendência para o próximo governo e evitar um vexame diplomático”.
No depoimento, Bolsonaro diz que só soube da existência das joias trazidas pela comitiva do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque “no final de novembro ou início de dezembro de 2022”, 14 meses após os objetos serem apreendidos, como ressaltado pelo advogado do ex-presidente no depoimento.
Ainda à PF, Bolsonaro diz que não se recordar quem lhe comunicou sobre a existência das joias, mas que é possível que “tenha sido alguém do Ministério de Minas e Energia”. O ex-presidente contou que, ao tomar conhecimento, pediu que Mauro Cid que “fosse verificado e esclarecido” a apreensão dos presentes.