Moradores pedem justiça por Lorenzo, 14 anos, atingido na cabeça. Segundo conhecidos, o garoto trabalhava como entregador de lanche
Metrópoles – Mais um adolescente morador de comunidade morreu vítima de bala perdida. O caso ocorreu na madrugada desta sexta-feira (28/10). Lorenzo Dias Palinhas, de 14 anos, foi atingido na cabeça durante uma operação policial no Complexo do Chapadão, na zona norte do Rio de Janeiro.
Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Militar (PMERJ) estavam na comunidade buscando pelos criminosos que mataram o policial Bruno Vanzan Nunes, vítima de assalto, desde a noite de quinta-feira (27/10).
Conforme relatos de moradores, Lorenzo ajudava nas contas de casa trabalhando como entregador de lanche e não estava envolvido no confronto. Testemunhas ainda contam que o jovem morreu com o valor da taxa de entrega, R$ 10, na mão.
A perícia esteve no local e o corpo só foi retirado por volta das 7h, para ser levado para o IML. A Delegacia de Homicídios da Capital abriu inquérito para investigar as circunstâncias da morte.
PRF afirma que Lorenzo integrava o tráfico
Em comunicado na manhã desta sexta-feira (28/10), o porta-voz da PRF no Rio, Marcos Aguiar, afirmou que Lorenzo fazia parte do tráfico de drogas na região.
Aguiar alegou que o adolescente morreu durante o confronto após atirar contra os policiais. Em nota, a corporação disse que os agentes foram recebidos a tiros por cerca de 30 suspeitos ao chegarem no Chapadão. A equipe teria apreendido dois menores “neutralizado” um terceiro, que seria Lorenzo.
A PRF informou que os menores admitiram fazer parte do tráfico de drogas. Os três, segundo a PRF, estavam de “plantão” na “boca de fumo” e na “contenção” da comunidade.
Os familiares do adolescente, entretanto, contestam que ele tivesse envolvimento com o tráfico. “Ele não tinha vício, não bebia, o negócio dele era mesmo só trabalhar entregando lanche porque ele tinha o objetivo de ter uma moto, ainda meio que fora da idade, mas esse era o sonho dele, comprar uma moto para trabalhar com entrega”, disse o avô de Lorenzo, Fernando Palhinhas, ao jornal O Dia.
Familiares negam bala perdida
O avô Fernando também nega que o adolescente tenha sido vítima de bala perdida. Segundo ele, testemunhas o contaram que o jovem foi abordado e revistado por um policial, que o baleou quando ele se virou para ir embora.
Ainda de acordo com o avô, agentes da PRF teriam tentado tirar o corpo da vítima da comunidade, mas não conseguiram porque os moradores impediram.
Moradores pedem justiça
Moradores do Chapadão realizam manifestações pedindo justiça por Lorenzo desde esta manhã. “Até o lanche que o menino vendia falaram que o policial comeu. Aqui na favela, não temos nem direito de vir um carro buscar o corpo morto. Temos que levar na mão”, diz um morador à imprensa em vídeo.
“Aqui ninguém jogou granada em policial, aqui ninguém deu tiro de fuzil em policial. Cadê o delegado-geral para vir aqui, no mínimo, dar pêsames para a mãe? Nossa comunidade está de luto e o que a gente quer é justiça”, reivindica o morador.