Sunak, ex-ministro das Finanças e filho de indianos, havia perdido a disputa anterior com Liz Truss, que renunciou na semana passada após fiasco de plano econômico. Boris Johnson era favorito, mas anunciou no domingo (23) que não concorrerá.
Após a decisão de Boris Johnson se não concorrer ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido, o favorito para ocupar o cargo é o ex-ministro das Finanças, Rishi Sunak. Ele pode ser designado ao cargo ainda nesta segunda (24) para substituir Liz Truss, que renunciou na semana passada.
Após apresentar um polêmico plano econômico, que previa cortes profundos de impostos sem garantias de crédito para repor o rombo no Orçamento, Liz Truss renunciou ao cargo após sofrer forte pressão pública. No momento, a inflação no país está acima dos 10%.
Johnson, cuja possível candidatura dividia profundamente o Partido Conservador, anunciou no domingo (23) que optou por não apresentar seu nome – no tipo de regime do Reino Unido, uma monarquia parlamentarista, o partido vencedor das eleições gerais é quem escolhe o primeiro-ministro do país.
Como o Partido Conservador foi o vencedor das últimas eleições, cabe a sigla trocar seu líder.
“Nos últimos dias cheguei à conclusão de que simplesmente não seria o correto. Não se pode governar com eficácia se não há um partido unido no Parlamento”, explicou Johnson, que deixou o poder no início de setembro, após uma série de escândalos.
Johnson retornou sábado de um período de férias no Caribe para tentar obter o apoio de pelo menos cem parlamentares conservadores – condição indispensável para entrar na disputa, e declarou que recebeu o respaldo de 102 deputados.
A desistência, que é destaque na imprensa britânica nesta segunda-feira, abre o caminho para a vitória de Rishi Sunak, de 42 anos, que foi derrotado na disputa para suceder Johnson por Liz Truss, efêmera primeira-ministra que renunciou depois de passar apenas 44 dias no poder.
Sunak, filho de imigrantes indianos que estudou em escolas de prestígio do país e é um milionário ex-executivo do setor bancário, seria o primeiro líder procedente de uma minoria étnica a governar o país.
Mordaunt não desiste
Durante um intenso fim de semana de negociações, Sunak anunciou no domingo sua candidatura. “Quero ajustar nossa economia, unir nosso partido e trabalhar pelo nosso país”, afirmou no Twitter, ao prometer “integridade, profissionalismo e responsabilidade”.
Sunak é no momento o único candidato com os cem apoios necessários. A outra candidata, a ministra para Relações com o Parlamento, Penny Mordaunt, está longe de alcançar o número.
Mordaunt anunciou no domingo à noite que permanecia na disputa e declarou que é a pessoa que pode unir o partido.
“Ao tomar esta decisão difícil, (Boris Johnson) colocou o país à frente do partido. E o partido à frente dele mesmo”, tuitou Mordaunt.
“Ele trabalhou para garantir o mandato e a maioria de que dispomos. Devemos utilizá-los corretamente e sei que trabalhará conosco para fazer isso”, acrescentou.
Caso a ministra consiga os apoios necessários e não abandone a disputa, apesar da vantagem do rival, os filiados do Partido Conservador terão que participar em uma votação virtual até sexta-feira para decidir o próximo líder da formação e primeiro-ministro do país.
Em caso contrário, Rishi Sunak pode ser declarado vencedor ainda nesta segunda-feira para ser o quinto primeiro-ministro desde o referendo do Brexit de 2016, que abriu um período de turbulências econômicas e políticas no Reino Unido.
Ortodoxia orçamentária
Sunak, defensor da ortodoxia orçamentária, seduz grande parte do Partido Conservador no momento em que o Reino Unido enfrenta uma forte crise econômica e social, agravada pelas idas e vindas de Liz Truss que desestabilizaram os mercados e provocaram a desvalorização da libra.
Sunak criticou de maneira veemente o plano econômico ultraliberal de Truss.
A oposição trabalhista, que tem grande vantagem nas pesquisas de intenção de voto, pede a convocação de eleições antecipadas.
“Os tories estão a ponto de dar a Rishi Sunak as chaves do país sem que ele tenha falado uma palavra sobre a maneira como governará”, tuitou a vice-líder do Partido Trabalhista, Angela Rayner. “Ninguém votou para isto”, completou.